Neandertais decoravam suas cavernas com crânios gigantes, diz estudo
Ao todo, 35 crânios de grandes herbívoros foram descobertos até o momento
Um grupo de pesquisadores do Museu de Arqueologia e Paleontologia da Comunidade de Madri, na Espanha, descobriu o que parece ser uma montagem decorativa ou simbólica de enormes crânios de animais em uma caverna de Neandertal. As descobertas foram publicadas em um artigo na revista Nature Human Behavior, na quinta-feira (26).
Os neandertais são uma antiga espécie de hominídeo que cientistas acreditam ter vivido de cerca de 200 mil anos atrás a 40 mil anos atrás.
A caverna em questão foi descoberta em 2009 e uma série de ferramentas e fragmentos de ossos foram recuperados do local. Na galeria principal, os pesquisadores encontraram os restos de uma criança com aparência humana — e acredita-se que o ambiente servia como espaço para ritual ou mesmo cemitério.
Restos na caverna
Em entrevista à Newsweek, o diretor do museu, Enrique Baquedano, disse que “os restos humanos infantis encontrados pertencem, sem dúvida, a um Neandertal".
O terceiro nível do local está repleto de ossos de animais, com alta concentração de fragmentos de crânio de grandes herbívoros. Segundo ele, já foram descobertos até 35 crânios dessa categoria de animais, que estavam dispostos em uma área onde a caverna se alarga. "As datas do nível três, onde os restos mortais foram encontrados, são de cerca de 42 mil anos", completou.
O estudo mostrou ainda que a maioria desses crânios pertencia a bisões e auroques — parentes extintos da vaca moderna. O conjunto também inclui cinco crânios de cervos machos e dois rinocerontes.
Baquedano disse ainda que os achados mostravam modificação humana, na forma de impressões de ferramentas e marcas de queimaduras. Essas evidências, de acordo com a pesquisa, sugerem que os crânios podem ter sido troféus de caça.
Sua acumulação em uma pequena área também apoia essa teoria e indica que eles podem ter sido reunidos em algum tipo de santuário de caça, dizem os pesquisadores.
Agora os cientistas querem um estudo mais aprofundado para que possam aprender melhor sobre a distribuição desses restos mortais e determinar se a criança enterrada tem alguma relação com o santuário de caça.