Negócios digitais ajudam Brasil bater recorde de tráfego na internet
Surgimento de negócios altamente conectados pode ter contribuído para os acessos em massa
O Brasil registrou, novamente, um recorde de troca de tráfego na segunda-feira, 6: no dia, foram movimentados 20 terabits por segundo (Tbit/s). A marca foi registrada pelo IX.br, Iniciativa do Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br) e do Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (NIC.br) e representa um crescimento de 43% em relação ao mesmo período do ano passado.
Os Pontos de Troca de Tráfego Internet (PTT) são estações em que provedores de conteúdo, como Google, YouTube e Netflix, distribuem seu material para outras redes de internet. Quanto mais esses conteúdos são consumidos — assistindo séries e filmes ou jogando games, principalmente —, maior será o pico da troca de tráfego. Ao todo, o IX.br monitora 35 pontos em todas as regiões do País.
Na medição de 6 de dezembro, o pico de 20 Tbit/s foi o maior já observado pelo comitê, depois de observar altas nos números desde o começo de 2020. O recorde, até então, havia sido um registro de março deste ano, de 17 Tbit/s. O resultado, na época, foi influenciado pelo alto uso de streamings de vídeo — serviço que consome um volume maior de dados.
Nos serviços que mais influenciaram a alta de dezembro, o gerente de infraestrutura do IX.br Júlio Sirota explica que o pico é reflexo do crescimento do número de Sistemas Autônomos em território nacional — redes independentes que se conectam e colaboram entre si, compondo a internet no país.
"Os PTTs se propõem a interconectar redes em regiões metropolitanas, e o aumento delas impacta na quantidade de participantes no IX.br", afirma Sirota. "Desde março do ano passado, estamos tendo um incremento no número de empresas interessadas em tomar parte na troca de tráfego, sejam elas provedores de acesso à internet ou de conteúdo".
Para os provedores de acesso, Sirota acredita que o surgimento de negócios altamente conectados pode contribuir para os acessos em massa. "Há muitas empresas sendo criadas para explorar o mercado de conexão à internet, principalmente nas pequenas e médias cidades, nas quais as grandes operadoras podem demorar mais a chegar, ou não têm tanto interesse em atuar".
O número geral de troca de tráfego tem visto altas desde 2020, quando a pandemia obrigou as pessoas a ficarem em casa e utilizarem mais serviços de internet. Em março do ano passado, Sirota também afirmou ao Estadão que a infraestrutura de internet brasileira estava preparada para o impacto que a covid-19 poderia trazer aos usuários. "As empresas sempre se antecipam a possíveis aumento de demanda".
