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Conheça o fundador do Snapchat, app que destrói mensagens

17 nov 2013 - 07h53
(atualizado às 09h19)
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<p>Evan Spiegel, fundador do Snapchat recusou uma oferta de US$ 3 bilhões do Facebook</p>
Evan Spiegel, fundador do Snapchat recusou uma oferta de US$ 3 bilhões do Facebook
Foto: AP

Ele tem 23 anos e desistiu de terminar o curso na Universidade de Stanford, uma das mais prestigiadas dos Estados Unidos, para se lançar à criação de um aplicativo de smartphones. Mais tarde, recusou vender seu negócio por US$ 3 bilhões (R$ 7 bilhões) ao Facebook.

Evan Spiegel, fundador do Snapchat, já conta com o apoio de alguns dos maiores nomes do Vale do Silício, na Califórnia, e poderá se transformar no próximo milionário do setor, mas apenas se ele tiver uma certeza: de que as pessoas pagarão por uma experiência em mídias sociais.

O Snapchat é um aplicativo muito popular para smartphones que permite aos usuários se comunicarem por fotos e mensagens. O diferencial é que tudo é apagado automaticamente segundos depois.

O aplicativo foi lançado em setembro de 2011 e Spiegel não fornece números. Mas, em uma visita ao Reino Unido, ele disse que um quarto de todos os smartphones britânicos, cerca de 7 milhões, já teria baixado o Snapchat.

Spiegel afirma que a ideia de "mídia efêmera", interações sociais que não deixam rastros on-line, é muito forte. No entanto, segundo ele, foi difícil espalhar essa ideia no começo.

Alguns podem pensar que outros estudantes de Stanford podem ter servido de cobaia, mas Spiegel conta que "todo mundo em Stanford está fazendo um aplicativo". Por essa razão, Spiegel não pôde contar com a ajuda deles.

Foi nas escolas que o aplicativo decolou, no começo de 2012, com adolescentes rapidamente aprendendo que era melhor do que as redes sociais para falar com as pessoas sem a intromissão alheia.

Este padrão levou a duas suposições sobre o Snapchat: que é usado para mensagens de teor sexual (envio de fotos explícitas entre adolescentes) e que o aplicativo é uma grande ameaça ao Facebook.

Diplomacia

Evan Spiegel mostrou que já tem prática na diplomacia para lidar com as duas questões.

"É realmente fácil pular para esta conclusão", disse ele a respeito das mensagens sexuais. Dados sugerem que o Snapchat é usado o dia inteiro, em vários contextos e parte do tráfego é entre mulheres".

Quando à segunda questão, o Facebook já assustou os mercados na semana passada quando revelou que adolescentes estão passando menos tempo na rede social.

Mas, quando Spiegel é perguntado se o Snapchat está tirando fatias do mercado do Facebook, ele responde que "nós realmente admiramos o que o Mark (Zuckerberg) está fazendo" e acrescenta que há espaço para as duas formas de comunicação.

Um estudo recente da consultoria Enders Analysis mostrou que o impacto de aplicativos de mensagens como o Snapchat e Whatsapp no Facebook pode ter sido exagerado.

A pesquisa mostrou que mais de 8 milhões de pessoas usam aplicativos de envio de mensagens na Grã-Bretanha. Neste universo, cerca de metade de todos os usuários entre 16 e 24 anos usam os aplicativos diariamente.

Mas o levantamento também revelou que o Facebook ainda é dominante neste grupo de idade, com 70% usando a rede social no smartphone todos os dias.

Dinheiro

Quando se trata dos planos para conseguir lucrar com o aplicativo, Spiegel afirma que isto é uma prioridade mas, surpreendentemente, o objetivo é conseguir dinheiro com os usuários e não com propaganda.

Ele se recusa a dar muitos detalhes e alega que "não queremos estragar a surpresa", mas explica as linhas gerais de um plano para fazer com que os usuários paguem pelo valor agregado em alguns serviços.

Parece uma proposta improvável já que o Facebook e o Twitter contam quase exclusivamente com as várias formas de propaganda para conseguir renda e ainda não está claro se os usuários que já estão acostumados a um serviço grátis poderão ser convencidos a pagar cotas extras.

Mas, Spiegel olha mais para a China do que para o Vale do Silício para conseguir suas inspirações. Ele destaca o sucesso do WeChat, do grupo chinês Tencent.

"Eles desenvolveram o negócio apesar da falta de um mercado publicitário, então tiveram que fazer isso com transações usando o aplicativo e com serviços de games", afirmou.

E continua destacando uma teoria de que as companhias de mídias sociais, como Facebook e Twitter, são vistas como serviços, por isso as pessoas não querem pagar por elas. Mas, apps como Snapchat são produtos de entretenimento e "as pessoas pagam muito por entretenimento".

A questão deve ser se é possível cobrar com sucesso por um aplicativo que é quase exclusivamente usado por jovens que provavemente têm pouco dinheiro para gastar.

Mas, o Snapchat obviamente aproveita uma tendência da nova geração digital que está mais preocupada em comunicar tudo para apenas alguns poucos amigos próximos do que falar sobre sua vida para o mundo no Facebook ou Twitter.

Engolidos

Este tipo de ideia com este tamanho de público sempre atrai o interesse de predadores. YouTube e Instagram foram engolidos pelo Google e Facebook, respectivamente, quando tinham apenas um ano de idade.

Quando sugeri que o Facebook pode tentar comprar o aplicativo, Spiegel e seus assessores deram uma risada nervosa e ele insistiu em que iria continuar independente.

Horas depois do encontro, surgiram as informações de que o Snapchat tinha rejeitado a oferta de US$ 3 bilhões do Facebook.

Mas, não será surpreendente se outra pessoa ou empresa aparecer com outra oferta milionária em breve.

E talvez, no mundo efêmero dos novos aplicativos de mensagens, Evan Spiegel poderia receber o conselho de agarrar a próxima oferta antes que a moda acabe.

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