No futuro, fósseis de frango comprovarão domínio da humanidade no planeta
A influência do ser humano no planeta é grande, da radioatividade à disseminação do plástico, mas uma das maiores provas disso poderão ser fósseis de frango
Quando arqueólogos e paleontólogos de 500.000 anos no futuro escavarem sedimentos da nossa época, o que você acha que irá denunciar a presença e o avanço humano por todo o planeta? Aumento de CO2 e metano? Resquícios radioativos de bombas nucleares? Microplástico e espécies invasivas por todos os lados? A resposta, segundo pesquisadores, pode ser bem inusitada — ossos de frango.
- Galinhas são editadas geneticamente para ter apenas filhotes fêmeas
- Quem veio primeiro: o ovo ou a galinha?
Ainda terá de ser aprovada oficialmente a chegada do Antropoceno, era geológica que marca a influência humana no planeta a nível de ecossistema global e clima, por exemplo, e cuja discussão é bastante complexa. De qualquer forma, uma prova cabal da nossa rápida expansão pela Terra, da globalização e da atividade e consumo global é a presença de galinhas, ou frangos de criação, em todos os continentes.
Os frangos de criação modernos são uma criação humana — um animal selecionado geneticamente para suprir as demandas alimentares globais, desde o tamanho do corpo e formato do esqueleto à química dos ossos. Sua carne é irreconhecível se comparada aos seus ancestrais ou parentes selvagens, um verdadeiro estudo de caso da habilidade humana de "hackear" a natureza e seus processos.
Criando os frangos modernos
A origem dos frangos consumidos atualmente está no Sudeste Asiático, vindo do galo-banquiva (Gallus gallus), ave domesticada há cerca de 8.000 anos. Sua carne e ovos já eram bastante valorizados pelos humanos, mas seguiram sendo modificados até se tornarem a criatura rotunda e de vida curta que conhecemos hoje — e que foi criada só depois da Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
Na natureza, uma evolução como essa levaria milhões de anos, mas conseguimos modificar radicalmente a ave em apenas algumas décadas, segundo contou Jan Zalasiewicz, paleobiólogo da Universidade de Leicester, à Agence France-Presse.
O pesquisador liderou, no ano passado, o Grupo de Trabalho do Antropoceno, que votou pela aprovação da nova determinação geológica após o Holoceno, que começou há 11.700 anos, no final da última era do gelo. Caso seja oficializado, o Antropoceno terá seu início considerado para meados do século XX, quando isótopos radioativos dos testes nucleares permearam o mundo.
O ambiente natural que deverá servir como marco foi votado, na última terça-feira (11), como sendo o Lago Crawford, no Canadá, que traz traços de plutônio.
Por que os frangos marcam o Antropoceno?
A onipresença dos frangos de criação, no entanto, é um marco tão poderoso quanto o lago, já que estão em praticamente todos os lugares do mundo. Onde há humanos, haverá uma quantidade colossal de restos de galinha, a origem de proteína favorita da nossa espécie. Há, atualmente, cerca de 33 bilhões de espécimes da ave espalhados pela Terra, segundo o órgão de agricultura da ONU. A biomassa das galinhas domesticadas é mais de 3 vezes maior do que a de todas as outras espécies aviárias combinadas.
Pelo menos 25 milhões de frangos são abatidos todos os dias, tanto para a fabricação de nuggets industrializados quanto para a elaboração de pratos em restaurantes de comida orgânica. Enquanto algumas sociedades rejeitam a carne suína ou bovina pelos mais diversos motivos, a carne de frango é consumida em todos os lugares.
É um símbolo de como nossa biosfera mudou, sendo dominada pelo consumo e uso de recursos por nós, humanos — e, como prova, os ossos descartados de galinha deixarão sua marca no registro geológico.
Fonte: AFP via France24
Trending no Canaltech:
- Barbie │ Quais os combos dos cinemas para o filme no Brasil
- Por que o Xbox Series X não faz mais sentido no Brasil?
- Bard chega ao Brasil e está disponível em português; saiba como usar
- Por que Sandra Bullock não está em Bird Box Barcelona?
- 5 momentos bizarros da Xuxa na TV
- Detalhes ocultos em arte egípcia de 3 mil anos são descobertos