Nova arte rupestre misteriosa de 7 mil anos é encontrada na Venezuela
Arte abstrata mostra um vislumbre raro de uma cultura de pessoas que viveram na América do Sul há milhares de anos
O arqueólogo José Miguel Pérez-Gómez, da Universidade Simón Bolívar em Caracas, Venezuela, encontrou mais de 20 sítios de arte rupestre no sudeste do país, com desenhos geométricos de milhares de anos atrás.
A arte foi divulgada na última quinta-feira (27), na conferência de arte rupestre New Worlds New Ideas, em Valcamonica, Itália.
Os pictogramas e petróglifos mostram como era a vida de pessoas que habitavam as terras altas florestadas da região que agora é o Parque Nacional de Canaima, muito antes da chegada dos europeus.
O pesquisador trabalha há muitos anos com a comunidade indígena Pemón, presente no local, para documentar a arte. De acordo com Pérez-Gómez, a arte pertence a uma tradição cultural desconhecida.
“Estamos diante de algo totalmente novo, algo inédito, algo que nunca foi estudado”, diz Pérez-Gómez, durante a apresentação.
Sobre a arte
Apesar da região receber muitos turistas para ver a Cataratas do Anjo, a maior queda d'água ininterrupta do mundo, a parte do parque em que a arte rupestre foi encontrada é isolada.
O pesquisador afirma que ao criar uma parceria com os Pemón, ele foi capaz de encontrar a arte rupestre que foi pintada em penhascos isolados.
Apesar de não ter uma data exata ainda, Pérez-Gómez acredita que ela tenha sido feita entre 4 a 7 mil anos atrás, baseado na comparação de desenhos semelhantes feitos em países vizinhos, como o Brasil e a Colômbia.
Ele pretende realizar novas expedições aos locais para conduzir investigações científicas sobre a arte, com análises estratigráficas e datação por radiocarbono. Esses estudos ajudariam a determinar a cronologia das artes.
As imagens incluem formas, linhas, pontos e padrões que se assemelham a redes, tranças ou topos de montanhas.
“Para os arqueólogos, é muito difícil entrar na mente de pessoas que viveram há 4.000 anos”, diz Pérez-Gómez, na conferência. O arqueólogo acrescenta que para as pessoas da época, tudo aquilo tinha grande significado, que ajudava a explicar a realidade como ela era.
A comunidade indígena Pemón informaram que não reconhecem a arte como parte de sua própria cultura, que está presente na região há cerca de 500 anos, segundo Pérez-Gómez.
Pela a raridade e a significância da arte rupestre, Pérez-Gómez defende que ela tenha proteção de patrimônio pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO).