Nova espécie de musgo que sobrevive à radiação pode viver em Marte
Pesquisadores chineses descobriram que espécie encontrada em desertos ao redor do mundo, pode sobreviver a condições extremas de Marte
Pesquisadores do Instituto de Ecologia e Geografia de Xinjiang em Urumqi, na China, descobriram que um musgo resistente pode ser a primeira espécie pioneira na colonização de Marte.
Em um estudo publicado na revista The Innovation nesta segunda-feira (1º), os cientistas destacam que essa espécie é encontrada em desertos ao redor do mundo, capaz de sobreviver a condições ambientais letais para quase todas as outras formas de vida.
A Syntrichia caninervis marca presença em alguns dos lugares mais inóspitos da Terra, incluindo o Tibete e a Antártida. Xiaoshuang Li, autor principal do estudo, decidiu fazer uma série de testes para ver até que ponto a espécie consegur sobreviver.
Eles descobriram que o musgo consegue se regenerar após ser armazenado a -80°C por cinco anos ou em nitrogênio líquido a -196°C por um mês.
Além disso, depois de bombardear o musgo com doses de radiação gama, descobriram que até 500 unidades Gray (Gy) na verdade ajudavam o musgo a regenerar, enquanto apenas doses acima de 8.000 Gy causavam danos severos.
Para fins de comparação, a maior parte das plantas não consegue suportar radiação acima de 500 Gy. Apenas 50 Gy são suficientes para causar convulsões e morte em humanos.
Na mesma análise, o grupo de estudos colocou o musgo em condições simuladas de Marte, incluindo uma atmosfera composta por 95% de dióxido de carbono, temperaturas que variavam de -60°C a 20°C, altos níveis de radiação UV e baixa pressão atmosférica.
Depois de uma semana nessa simulação, o musgo conseguiu se regenerar completamente após 30 dias.
Entretanto, a equipe não levou em consideração o possível impacto dos percloratos, um químico tóxico e corrosivo que é encontrado nos solos marcianos.
Ao NewScientist, David Eldridge, da Universidade de Nova Gales do Sul em Sydney, Austrália, que não teve nenhum envolvimento com a publicação, afirma que o musgo precisaria de algum alívio do frio extremo e da dessecação vista em Marte, para prosperar.
Ele acredita que a espécie poderia, sim, sobreviver na superfície de Marte, mas viveria mal. “Pode sobreviver, mas duvido que prospere”, ele disse, ao jornal.