Nova espécie de peixe é descoberta na Ilha da Trindade, no litoral do ES
Região é conhecida por abrigar diversas espécies únicas, que só habitam o arquipélago
Uma nova espécie de peixe foi descoberta por pesquisadores da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) e da Universidade de São Paulo (USP) na Ilha da Trindade, arquipélago a 1.140 quilômetros de Vitória (ES).
A região é conhecida por abrigar diversas espécies únicas, que só habitam o arquipélago e não são encontradas em outros locais.
A nova espécie, denominada Acyrtus simon, é uma espécie de peixe-ventosa que chamou a atenção pelas cores em tons de rosa e seu hábito de se fixar nos locais para não ser levado pela correnteza.
Um artigo sobre a descoberta foi publicado após muitas análises no final de 2022 e, agora foi publicado pela Ufes.
O biólogo e especialista em peixes João Luiz Rosetti Gasparini foii um dos pesquisadores que participou das expedições até a ilha para a descoberta da nova espécie. Em entrevista ao G1, ele explicou que foi oito vezes à Ilha de Trindade e observou a espécie em 1995.
"Somando todas as viagens, eu fiquei quase 100 dias na ilha fazendo mergulhos científicos autônomos com cilindros. Mas só depois conseguimos mais exemplares e conseguimos realizar as comparações e investigações que possibilitaram descrever a espécie", contou o biólogo ao G1.
A espécie
O Acyrtus simon demorou vários anos para ser analisado e comparado com outros animais. O peixe foi coletado e ficou na coleção da Ufes, enquanto os pesquisadores iam buscando novas amostras.
Segundo a pesquisa, o peixe tem três centímetros e fica no raso sempre perto dos recifes vulcânicos da ilha.
Uma ventosa ajuda o pequeno peixe a sobreviver ao dinamismo das águas do local. Ele tem uma adaptação morfológica no ventre, que a nadadeira pélvica dele é modificada como se fosse uma ventosa, por isso o nome peixe ventosa, explicou o especialista em peixes ao G1.
O fato de a ilha ser o arquipélago quase inabitado mais distante do litoral brasileiro ajuda para que espécies só existam lá.
"É um local muito pouco estudado e isolado. O isolamento geográfico é muito importante para você ter espécies que evoluíram ali naquele ambiente. Tem mais um tanto de espécies que são endêmicas que são da Ilha da Trindade", disse Gasparini ao G1.