Nova inteligência artificial poderá combater falsificação de vinhos
Embora rastreasse as bebidas com 99% de precisão, o sistema teve dificuldade para distinguir as safras
Uma pesquisa publicada na revista científica Nature Communications Chemistry, nesta terça-feira (5), utilizou cromatografia gasosa, uma técnica analítica para separar e detectar os componentes químicos de uma mistura, para rastrear os vinhos até sua origem, e com isso, detectar as bebidas falsas.
Com uso da inteligência artificial (IA), pesquisadores da Universidade de Genebra, na Suíça, analisaram dezenas de vinho para chegar no resultado — quase como um sommelier de vinhos.
Ao The Guardian, o professor da universidade, Alexandre Pouget disse que há muita fraude na bebida, com pessoas inventando alguma porcaria em sua garagem, imprimindo rótulos e vendendo-os por milhares de dólares.
“Mostramos pela primeira vez que temos sensibilidade suficiente com nossas técnicas químicas para perceber a diferença", explicou.
A pesquisa
O algoritmo desenvolvido usa o aprendizado de máquina para distinguir vinhos com base em diferenças sutis nas concentrações de coleções de compostos químicos.
Isso permite rastrear as bebidas não apenas até uma determinada região vitivinícola, mas até a propriedade onde o vinho foi produzido.
Para treinar o programa, os cientistas obtiveram cromatografia gasosa para analisar 80 vinhos colhidos ao longo de 12 anos em sete propriedades diferentes na região de Bordeaux, na França.
A técnica é comumente utilizada em laboratórios para separar e identificar os compostos que compõem uma mistura.
Em vez de tentar encontrar compostos individuais que distingam um vinho de outro, o algoritmo se baseia em todos os produtos químicos detectados na bebida para determinar a assinatura mais confiável para cada um.
O sistema então apresenta os seus resultados numa grelha bidimensional, onde se agrupam vinhos com assinaturas semelhantes.
Resultados
Como resultado, os pesquisadores mostraram que existem aglomerados que se concentram em um castelo específico. Isso significa que cada castelo tem uma assinatura química única, independente da safra.
Mas não só , as posições dos aglomerados refletiram as localizações das propriedades no terreno, com vinhos de três castelos ao norte do rio Dordogne claramente separados de quatro castelos a oeste do rio Garonne.
Ainda que o programa rastreasse os vinhos até os castelos corretos com 99% de precisão, ele teve dificuldade para distinguir as safras, atingindo, na melhor das hipóteses, uma precisão de 50%.
Além de rastrear a origem do líquido, Pouget disse que a abordagem poderia ser usada para monitorar a qualidade durante todo o processo de vinificação e para garantir que o vinho seja bem misturado.
“Poderíamos usar isso para descobrir como misturar vinhos para otimizar a qualidade”, afirmou.