Nova onda de covid na China pode matar 1 milhão de pessoas, dizem estudos
Levantamentos indicam que o número de mortes pode ser reduzido caso a maioria da população tome a quarta dose da vacina
Uma nova onda de covid pode causar até um milhão de mortes na China, de acordo com dois estudos divulgados na revista científica Nature. O país enfrenta uma elevação de indicadores de contágio desde que o governo chinês afrouxou medidas de restrições.
“Não há dúvida de que a China passará por alguns meses ruins”, diz James Wood, especialista em doenças infecciosas da Universidade de New South Wales, na Austrália.
Ambos os estudos indicam que o os hospitais podem sofrer menos pressão e o número de mortes pode ser reduzido caso a maioria da população tome a quarta dose da vacina e volte a usar máscaras com frequência e o governo volte a implementar medidas de restrição.
O primeiro deles, publicado como pré-impressão sem revisão por pares em 14 de dezembro, usa dados de surtos recentes em Hong Kong e Xangai para comparar diferentes cenários para toda a China. O mais provável é que cerca de um milhão de mortes deverão ocorrer no país nos próximos meses.
Segundo o estudo, a aplicação em massa da quarta dose combinada com a administração de medicamentos antivirais a pessoas de grupos de risco poderia reduzir as mortes em até 35%.
A outra pesquisa estima que a China terá cerca de meio milhão de mortes por covid até abril, com 1,6 milhão de mortes até o final de 2023 se o país continuar no caminho atual.
As mortes podem chegar a quase 9 mil por dia até o final de março, diz Ali Mokdad, epidemiologista da Universidade de Washington em Seattle, responsável pelo estudo.
O modelo prevê que o número total de mortes pode ser reduzido para cerca de 290 mil até e abril se a China adotar a reimposição de restrições, reforçar a vacinação de terceira e quarta dose e dar tratamento com medicamentos antivirais para grupos de risco. O uso generalizado de máscaras pode reduzir ainda mais as mortes, para cerca de 230 mil.
Os dois estudos concordam sobre as estimativas de mortalidade e o impacto das intervenções. “Essa semelhança reflete em grande parte um acordo de que a imunidade coletiva só será alcançada após uma grande e difícil contenção da transmissão por todo o país”, escreveram.