Novo implante destrói câncer no cérebro com eficácia, diz estudo
Cientistas de Stanford desenvolveram um dispositivo sem fio que aquece quando acionado remotamente e “mata” células cancerígenas
Os tumores cerebrais são uma das formas mais graves do câncer. Segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA), estima-se que para cada ano do triênio 2020/2022, sejam diagnosticados no Brasil 11.100 novos casos da doença. No entanto, pesquisadores da Universidade de Medicina de Stanford desenvolveram um aparelho sem fio que pode ajudar a ampliar a sobrevida de pacientes.
O objeto é um implante ativado remotamente que pode aquecer nanopartículas injetadas no tumor, matando gradualmente as células cancerígenas. Os resultados da pesquisa foram publicados na revista Nature Nanotechnology.
Esse tipo de câncer é formado pelo crescimento de células anormais nos tecidos localizados no cérebro e na medula espinhal, sendo que a maior concentração dos casos novos ocorrem no próprio cérebro.
Normalmente, em pacientes com tumores cerebrais, o tratamento inclui cirurgia de crânio aberto para remover o máximo possível do câncer, seguido de quimioterapia ou radiação, que traz sérios efeitos colaterais.
Matando células cancerígenas
Para que o experimento fosse feito, pesquisadores fizeram testes em camundongos com tumores cerebrais, com 15 minutos de tratamento diário durante 15 dias, enquanto os animais realizavam suas atividades normais — o que foi suficiente para aumentar significativamente os tempos de sobrevivência.
A técnica aplicada pode funcionar como um tratamento emergente para vários tipos de câncer, e envolve a injeção de nanopartículas em um tumor, que são acionadas por meio de um dispositivo, que emite luz infravermelha para aquecer. Dessa forma, segundo os cientistas, como as células cancerígenas são mais sensíveis ao calor do que as células saudáveis, isso pode matá-las com danos mínimos ao tecido ao redor.
“As nanopartículas ajudam a direcionar as drogas apenas em direção ao tumor, de maneira que os efeitos colaterais serão relativamente menores em comparação com quimioterapia e radiação”, disse Hamed Arami, coautor do artigo, em um comunicado.
Os animais tratados viveram mais tempo quando comparados com os camundongos que não receberam o implante, com tempos de sobrevivência dobrados ou triplicados em média. Quando o novo tratamento foi combinado com quimioterapia, os camundongos viveram ainda mais.
A equipe de pesquisa espera que o dispositivo funcione, quando adaptado a pacientes humanos, para ser usado para tratamento em casa, além de cirurgia, quimioterapia ou radiação, sem aumentar o fardo das visitas ao hospital ou interromper as tarefas do cotidiano.
Mas isso é difícil prever, uma vez que humanos e camundongos têm tempo de sobrevida diferentes. Apesar disso, Arami afirmou que “o objetivo é combinar isso com outros tratamentos para prolongar a sobrevida desses pacientes”.