Novo tipo de ciclone tropical é descoberto no Oceano Índico
Novo tipo de ciclone tropical foi descoberto: formado por ventos do oeste, sua importância na regulação da temperatura marinha no Índico também foi notada
Meteorologistas descobriram um novo tipo de ciclone, uma espécie de tempestade tropical curta que assola o Oceano Índico diversas vezes por ano, na costa da Sumatra. Ela ocorre no inverno e primavera do hemisfério sul, quando os ventos equatoriais vindos do oeste se encontram com os ventos do norte-noroeste, no sudeste do Índico.
A presença de grandes volumes de ar se movimentando perto dos ventos equatoriais ocidentais durante o verão não é novidade para os cientistas, e tem nome: são as Oscilações Boreais de Verão Intra-Sazonais (ou Oscilação de Madden e Julian). A periodicidade do fenômeno, no entanto, não estava batendo com os padrões de tempestade na região, o que atiçou a curiosidade de pesquisadores.
Descobrindo o novo ciclone
Foram observados, então, os dados atmosféricos, notando apenas 3 eventos de resfriamento significativos na costa da Sumatra desde 1988. Eles pareceram se seguir à ausência da atividade de ciclones. O efeito é semelhante ao do resfriamento causado pelo El Niño-Oscilação do Sul (ENOS), do oeste equatorial do Pacífico.
No Oceano Índico equatorial, a diferença na temperatura marinha em regiões tropicais ocidentais e orientais é conhecida como Dipolo do oceano Índico, e parece estar ligada à atividade dos ciclones próximos a Sumatra. Durante a formação de ciclones que aumentam a temperatura da água no Oceano Índico Tropical Sudeste (SETIO), os ventos se intensificam a noroeste, enquanto os ventos equatoriais do oeste se enfraquecem.
Tudo isso ocorre dentro de 10 dias, com cada temporada do Dipolo do Oceano Índico — que ocorre de julho a setembro — tendo cerca de 5 tempestades no SETIO, com duração cumulativa de aproximadamente 50 dias. Em algumas temporadas, no entanto, apenas 1 ciclone pode acabar surgindo.
Influência das tempestades no Índico
As mudanças ocorridas em alguns anos, quando os ciclones acabam não se desenvolvendo, são drásticas, com os ventos ambientais resfriando a água em regiões muito grandes, perturbando o padrão dos ventos e das chuvas no Oceano Índico. Embora os cientistas já houvessem identificado os ventos ocidentais que atingem a Sumatra, não se sabe como se dá o seu surgimento.
A frequência dos ciclones na região mostra sua influência nos ventos: na verdade, ciclones por todo o mundo representam a maior parte da força dos ventos que sopram no entorno do equador. Durante ciclones no SETIO, a ressurgência de águas frias no sudeste do oceano é suprimida pelos ventos do noroeste, assim como os ventos da costa do Peru controlam a ressurgência da La Niña.
Nas ressurgências equatoriais, a intensidade pode diferir a depender da localização: no Pacífico, os ventos do oeste causam ressurgências contínuas, o que é mais acentuado na costa peruana. O efeito dos ciclones do SETIO faz com que os ventos do Oceano Índico ocidental venham, no geral, do oeste, e operem suprimindo a ressurgência equatorial.
As tempestades na região influenciam no Dipolo do Oceano Índico, o que impacta bastante o clima e as chuvas dos países próximos, como a Austrália. Com as mudanças climáticas em curso, torna-se mais importante ainda estudar as condições atmosféricas e correntes oceânicas do Índico, ajudando os cientistas a prever e se preparar para eventuais desastres.
Fonte: Journal of Southern Hemisphere Earth Systems Science
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