O curioso teste que comprovou com garrafa de vinho que poucos leem o que assinam online
A oferta foi incluída no site de um think tank britânico, como um 'experimento' para ver se alguém leria os termos da política de privacidade.
Uma oferta de garrafa de vinho grátis foi finalmente reivindicada depois de ficar "escondida" por três meses na política de privacidade do site de um think tank (centro de pesquisa e debates) britânico dedicado a questões tributárias.
A Tax Policy Associates adicionou uma cláusula com a oferta em fevereiro, como um "experimento" para ver se alguém realmente leria todos os termos.
O chefe da organização sem fins lucrativos, Dan Neidle, compartilhou a história em uma postagem no X (antigo Twitter), explicando que a primeira pessoa a detectar a cláusula receberia uma "garrafa de vinho bom".
Neidle — advogado tributário que já atuou em casos fiscais de grande repercussão, incluindo o do ex-chanceler Nadhim Zahawi — contou à BBC que foi ideia dele adicionar a oferta do vinho.
O think tank alterou recentemente as letras pequenas da política de privacidade em seu site, após a descoberta da cláusula.
"Sabemos que ninguém lê isso, porque acrescentamos em fevereiro que enviaríamos uma garrafa de um bom vinho à primeira pessoa que entrasse em contato com a gente, e só em maio que obtivemos uma resposta", diz agora uma frase em sua política de privacidade.
Neidle afirma que foi seu "protesto infantil".
"Todas as empresas precisam ter uma política de privacidade, e ninguém lê."
"Cada cafeteria minúscula precisa ter uma política de privacidade em seu site, é uma loucura. É dinheiro que está sendo desperdiçado."
Qualquer empresa que armazene dados pessoais, incluindo pequenas empresas e instituições de caridade, deve ter uma política de privacidade, de acordo com o Escritório do Comissário de Informações (ICO, na sigla em inglês), órgão responsável por garantir a privacidade das informações sobre os cidadãos do Reino Unido.
É um requisito fundamental do Regulamento Geral de Proteção de Dados de 2018 (GDPR, na sigla em inglês) do país.
Neidle disse que a pessoa que encontrou o texto no site "meio que trapaceou", porque estava tentando escrever sua própria política e, por isso, estava à procura de exemplos. Em seguida, a pessoa enviou um e-mail à organização dizendo que achava que havia perdido a garrafa de vinho, mas era seu dia de sorte.
O advogado contou que já havia feito algo semelhante quando sua organização foi lançada, há mais de dois anos. Naquela época, demorou quatro meses até que alguém descobrisse.
"Fizemos isso de novo para ver se as pessoas estavam prestando mais atenção, e não estão", acrescentou.
Mas, afinal, qual era o "vinho bom" a que o site se referia? A pessoa que encontrou a cláusula recebeu uma garrafa de Château de Sales 2013/14, de Pomerol, como recompensa.
De acordo com Neidle, sua abordagem foi inspirada na usada pela banda Van Halen, que pedia um pote de M&Ms sem confeitos da cor marrom, como parte das exigências da sua turnê.
Mas não era por por frescura ou extravagância — os músicos incluíam isso no contrato como um teste para garantir que os produtores estavam prestando atenção às suas solicitações, que muitas vezes incluíam instruções técnicas complicadas.
"Foi uma estratégia brilhante para ver se as pessoas estavam prestando atenção", avalia Neidle.