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O impacto do frete no e-commerce brasileiro

17 abr 2018 - 09h11
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*Por Ivan Zeredo

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Foto: Canaltech

Você já desistiu de fazer alguma compra online por causa do valor do frete? Quando fizemos essa pergunta em uma de nossas pesquisas de mercado, a resposta que obtivemos dos usuários nos levou a perceber o real impacto que o frete dos produtos pode ter nas operações e estratégias do e-commerce. Neste caso, 90% dos participantes que responderam à pesquisa disseram que sim, já deixaram de concluir alguma compra pela internet devido ao custo do frete.

Quando comparamos esse comportamento entre os usuários das regiões sudeste e nordeste do Brasil, o resultado é ainda mais contrastante. Devido à distância dos centros de distribuição das lojas online e, consequentemente, ao maior custo para entrega dos produtos, os consumidores da região nordeste preferem, 60% a mais do que o sudeste, promoções de frete grátis do que outros tipos de descontos nos produtos.

Embora esses feedbacks sejam relevantes para o mercado, talvez não sejam tão surpreendentes assim, tendo em vista que não é de hoje que o preço do frete, principalmente nas regiões norte e nordeste do país, está no topo das discussões em diversos segmentos do e-commerce. Em um contexto generalizado, podemos considerar que esse fator representa uma das principais barreiras que impedem o crescimento do comércio eletrônico atualmente. É uma questão que interfere diretamente na experiência dos consumidores durante o processo de compra, desde a apresentação do produto até a conclusão do pedido na loja. 

Não é raro encontrarmos casos onde o valor do frete supera o preço do produto e, muitas vezes, o consumidor não chega nem até o carrinho. Ele acaba desistindo logo nas primeiras etapas, após o cálculo do valor e do prazo de entrega.

Para ajudar a otimizar essa experiência e aumentar as conversões na loja, os varejistas contam com algumas estratégias e opções de fretagem, que podem ser bem apropriadas, porém, cada uma com suas particularidades e ressalvas. Estão entre elas:

Programas de Fidelidade

Os programas de fidelidade para frete ganharam popularidade em grandes e-commerces americanos e têm funcionado em algumas empresas brasileiras. O modelo é baseado em planos de assinaturas que permitem fixar um valor mensal ou anual para a entrega dos produtos do site. É uma saída vantajosa para os consumidores, que contratam um serviço único e já sabem com antecedência o quanto irão pagar, e também para os lojistas que poderão contar com um volume de vendas recorrentes por parte dos assinantes. Mas, neste caso, é relevante estudar a abrangência do programa e todos os custos envolvidos para a entrega dos produtos em diversas localidades. É importante definir bem os preços do programa, pois ele pode ser mais uma fonte de receita. Para isso, é essencial que esse valor seja maior que os custos da operação como um todo.

Para quem pensa em oferecer o frete por assinatura, é aconselhável que sejam realizadas experimentações com pequenos grupos de clientes para verificar se esse modelo é realmente viável para o negócio.

Promoções de Frete Grátis

Oferecer promoções de frete grátis pode ser uma boa estratégia para as lojas online, sendo, em alguns casos, até mais eficientes que descontos nos produtos para aumentar a taxa de conversão. Mas é uma ferramenta que deve ser usada em momentos específicos, com campanhas e objetivos bem planejados.

Retirada na Loja

Essa é uma alternativa que, na maioria das vezes, consegue anular o valor do frete para os clientes e gerar boas experiências neste sentido, pois, além de ser mais econômica, facilita o recebimento de produtos por consumidores que nem sempre estão na residência ou não têm porteiros para receber as encomendas. No entanto, a "Retirada na Loja" fica restrita aos e-commerces que têm loja física. É uma ideia também viável para pequenos e-commerces locais, onde os consumidores podem fazer o pedido pela internet e têm a possibilidade de retirar na loja caso estejam próximos.

Entregas próprias

Outra opção é a própria loja fazer a entrega dos produtos, mas, neste caso, é preciso limitar as entregas para os bairros mais próximos ou pela cidade que atua. É uma alternativa para e-commerces locais, mas, ainda assim, é preciso checar os custos extras para ver se realmente irá compensar ou se vale mais a pena enviar os produtos pelos Correios ou outras transportadoras.

O recente reajuste nas tarifas dos Correios, uma das transportadoras mais utilizadas no e-commerce, principalmente por pequenos e médios lojistas, trouxe à tona o debate sobre a influência do frete nas compras online e abre espaço para que novos formatos sejam inseridos e reavaliados com o intuito de conseguir melhores preços. Contudo, é importante ter em mente que as questões que envolvem o envio de produtos no comércio eletrônico vão além dos impasses entre varejistas e transportadoras. É um caso que envolve a infraestrutura do país, aquisição de tecnologias eficientes de logística e planejamento de negócio.

*Ivan Zeredo é Sócio e Diretor de Marketing do Cuponomia, plataforma que reúne cupons de desconto dos principais players de comércio eletrônico do país e que recentemente iniciou operações no México, Chile e Colômbia.

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