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O mundo está mais desconectado do que se imagina

Nas classes D e E apenas 64% da população está conectada. Como mudar esse quadro?

3 fev 2022 - 07h00
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Foto: Alexas Fotos / Pixabay

Dentre muitas coisas novas que a pandemia nos trouxe nos últimos dois anos, a intensificação das conexões ao redor do mundo e o crescimento das interações digitais estão, sem dúvida, entre as mais significativas. Muitas pessoas passaram a trabalhar remotamente e até a educação, que, com vários momentos de parada forçada das atividades presenciais, se viu forçada a experimentar o modelo online rapidamente.

No ano de 2021, segundo o relatório da União Internacional de Telecomunicações (UIT), agência especializada da Organização das Nações Unidas (ONU), em tecnologia da informação e comunicação, 4,9 bilhões de pessoas utilizaram a Internet. Se comparado com 2019, quando havia 4,1 bilhões de usuários, houve um crescimento de 17%, ou seja, mais 782 milhões de pessoas passaram a navegar no mundo online. 

É um crescimento expressivo, porém ainda existem desafios relevantes pois parte dos nossos usuários ainda sofrem com as conexões lentas devido à falta de infraestrutura.

Um outro aspecto apresentado pelo relatório é que 2,9 bilhões de seres humanos simplesmente não tem acesso à internet, o que certamente é um problema nesse momento de crescimento da demanda das interações digitais, mas por outro lado, mostra quanto o setor de tecnologia ainda vai crescer globalmente para conseguir incluir todas essas pessoas nesse novo mundo digital.

No Brasil, os números também estão crescendo. Em um país com mais de 200 milhões de habitantes, 152 milhões tem acesso à internet, sendo que 81% da população com mais de 10 anos, tem internet em casa, de acordo com a pesquisa realizada pelo Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic), em parceria com o Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI).

Apesar dos bons números, ainda temos muito espaço para avançar. Nas classes D e E apenas 64% da população está conectada e a expectativa de melhora desse cenário pode ser a implementação do 5G, já que o edital prevê começar a operar em todas as capitais do país até julho de 2022. O Brasil ainda terá todo um desafio na parte de infraestrutura, com a instalação de novas antenas e torres para transmitir o sinal das operadoras aos dispositivos móveis e residências, mas a tecnologia traz novas perspectivas para a inclusão digital.

Globalmente, o desafio da inclusão digital não está ligado somente ao poder aquisitivo da população em relação ao valor dos serviços ou a falta de infraestrutura em muitos países. Existem também questões geopolíticas mais complexas, que restringem o livre acesso à Internet por questões políticas locais.

Muitos governos ainda estão buscando entender melhor como será sua relação com esse novo mundo, mas algumas experiências demonstram efeitos negativos para as interações digitais. Um exemplo disso foi em Uganda, país africano que estabeleceu taxação para uso das redes sociais. Como resultado dessa ação, o país perdeu milhões de usuários online nas plataformas.

Abrir as portas do mundo digital para todas as quase 8 bilhões de pessoas no planeta ainda é um desafio longo. Não depende somente de uma melhor infraestrutura da rede nos países em desenvolvimento, mas também, da democratização no acesso à internet. 

Mas como bom otimista que sou, prefiro considerar que o mundo ainda está desconectado, assim nos engajamos ainda mais para que as quase 3 bilhões de pessoas que ainda não tem Internet, sejam atendidas mais rapidamente.

(*) Guilherme Brasil é o Chief of Technology Officer da Softplan.

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