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O que é a "bolha fria" que mantém parte do Oceano Atlântico gelado

Diferente da maior parte do Oceano Atlântico, um a região ao norte permanece mais gelada por causa de uma "bolha fria"; o fenômeno pode ter impactos negativos

8 ago 2023 - 16h48
(atualizado às 18h51)
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Com os relatos do mês de julho sendo o mais quente da história recente, é normal pensar que todo o globo está se aquecendo, por igual. Só que a história não é bem assim. Há anos, cientistas observam uma estranha "bolha fria" que mantém as temperaturas do Oceano Atlântico mais amenas ou geladas que o esperado, em uma região localizada entre o Canadá e a Groenlândia. Enquanto isso, os oceanos aquecem em sua maioria.

No mapa térmico, compartilhado pela Administração Oceânica e Atmosférica Nacional (NOAA) — uma instituição ligada ao governo dos Estados Unidos —, em 2021, é bem fácil visualizar a bolha fria estabelecida no norte do Oceano Atlântico.

Foto: MartinStr/PixaBay / Canaltech

No sentido oposto, descendo em direção à linha do Equador, a parte do oceano que banha o estado norte-americano da Flórida esteve tão quente, no último mês, que especialistas o compararam como uma banheira de hidromassagem.

Para muitas pessoas, a isolada bolha fria no globo é a prova de que o aquecimento global — ou a Era da Ebulição, como pontua a Organização das Nações Unidas (ONU) — é uma fraude. Só que, na verdade, é o contrário, já que, segundo pesquisadores, o frio atípico é uma consequência das mudanças climáticas e das alterações nas correntes oceânicas e dos ventos, como demonstra recente estudo publicado na revista científica Climate Dynamics.

O que causa a "bolha fria" no Atlântico?

Para os pesquisadores da Universidade Estadual da Pensilvânia (Penn State), em recente estudo, a existência da bolha fria no Atlântico é consequência de múltiplos fatores. Entre eles, está a desaceleração de um sistema global de circulação oceânica, a Circulação meridional de capotamento do Atlântico (AMOC, em inglês), que transporta águas quentes dos trópicos para aquela porção do oceano.

Só que, além desta mudança, existe o impacto da Oscilação do Atlântico Norte (NAO). O termo se refere a um padrão de circulação atmosférica que envolve um sistema de baixa pressão perto da Islândia e um sistema de alta pressão perto das ilhas dos Açores. A combinação influencia a forma como os ventos de oeste sopram no oceano.

"Quando o NAO se torna mais positivo, ele intensifica o vento de superfície sobre o Atlântico Norte subpolar", explica Laifang Li, professora assistente de meteorologia e ciência atmosférica na Penn State e uma das autoras do estudo, em comunicado.

Para entender o impacto, basta pensar na forma mais comum de acelerar o resfriamento de um líquido. "Quando queremos resfriar uma xícara de café quente, mexemos na superfície, o que promove a perda de calor. Isso é exatamente o que a intensificação do vento vai fazer na superfície do oceano — ela fornece um efeito de resfriamento direto", ilustra a pesquisadora sobre o impacto do NAO positivo na formação da bolha fria. Nos últimos anos, esse comportamento tem se tornado dominante.

Impacto da bolha fria no aquecimento global

A resistência da bolha fria em um oceano que está aquecendo pode ser encarada como uma ferramenta que ajudará a conter o derretimento das geleiras no Ártico e que pode reduzir a temperatura média global, mas os pesquisadores da Penn State não estão otimistas com essas possibilidades.

Na realidade, os cientistas consideram importante entender os impactos da bolha fria por causa de seus impactos potencialmente negativos. Para Li, o resfriamento do Atlântico Norte subpolar "aumenta a instabilidade na atmosfera e favorece a passagem de tempestades que podem atravessar a bacia oceânica e trazer eventos climáticos extremos para a América do Norte e Europa".

"Isso pode adicionar outra camada de complexidade às projeções de futuros eventos climáticos de alto impacto e incertezas às projeções climáticas para áreas densamente povoadas", acrescenta a pesquisadora sobre os desdobramentos que a permanência da bolha fria pode causar.

Fonte: Climate Dynamics, NOAA Universidade Estadual da Pensilvânia    

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