O que é embolia pulmonar?
A embolia pulmonar ocorre quando um coágulo sanguíneo obstrui uma artéria ligada ao pulmão; na maioria das vezes, o problema começa nas pernas do paciente
A embolia pulmonar (EP) é uma das doenças cardiovasculares — aquelas que afetam a saúde do coração e dos vasos sanguíneos — mais comuns no mundo. Apesar disso, em números totais, a condição é menos frequente que os quadros de infarto do miocárdio (ataque cardíaco) e de Acidente Vascular Cerebral (AVC), por exemplo.
De forma simples, a embolia pulmonar é caracterizada por um bloqueio repentino nas artérias pulmonares, ou seja, dos vasos sanguíneos que enviam sangue para os pulmões. Na maioria dos casos, esse coágulo se forma em outra parte do corpo, como as pernas (membros inferiores), mas viaja até uma região próxima do pulmão. Quando não é tratada, pode provocar morte súbita.
Entendendo o que é embolia pulmonar
Para compreender melhor o que é embolia pulmonar, é preciso entender todos os mecanismos associados a essa doença. Embora o quadro afete o pulmão, na maioria das vezes, o problema surge nas pernas, onde nem sempre é diagnosticado.
Por inúmeros fatores, ocorre a formação de coágulos (trombos) nos vasos sanguíneos das pernas — normalmente, isso ocorre naqueles localizados próximos aos ossos e rodeados por músculos. Neste caso, ocorre um caso de trombose venosa profunda (TVP).
Em alguns casos, o organismo não consegue absorver o coágulo (que se solidifica) e, com isso, ele viaja pela corrente sanguínea, podendo chegar até as artérias do pulmão. No mundo, "a TVP é a causa mais comum de embolia pulmonar", segundo artigo da Universidade Johns Hopkins.
Diferença entre trombo, coágulo e embolia
Aqui, vale trazer alguns conceitos básicos para evitar confusão na hora de entender as origens de um quadro de embolia pulmonar. Em primeiro lugar, a formação de coágulos sanguíneos é algo absolutamente normal, já que isso ajuda a estancar sangramentos, por exemplo. O problema está naqueles coágulos que o corpo não consegue "quebrar".
Enquanto isso, o trombo é conhecido por ser aquele coágulo formado dentro do sistema circulatório. Por fim, a embolia é a migração desse trombo até a obstrução de uma artéria.
Outras possíveis causas de embolia no pulmão
Apesar da origem mais comum da embolia pulmonar ser os coágulos formados nos membros inferiores, existem outras possíveis causas de obstrução, como bolhas de ar, TVP na parte superior do corpo, tumores e gotículas de gordura, geradas na fratura de ossos, como o fêmur e a bacia.
Fatores de risco para o bloqueio das artérias pulmonares
Na medicina, existe uma ampla gama de fatores de risco conhecidos por aumentar as chances de um quadro de embolia pulmonar, como histórico familiar e distúrbios de coagulação. Para além desses fatores, existem também algumas situações que podem contribuir diretamente com a incidência da embolia pulmonar, como:
- Casos de câncer;
- Partos;
- Doenças do coração;
- Longos período de repouso na cama em caso de pessoas doentes;
- Viagens longas, nas quais a pessoa permanece por horas sem se movimentar;
- Lesões e fraturas;
- Cirurgias.
Riscos de trombose e embolia pulmonar em viagens de avião
Cabe destacar que a Organização Mundial de Saúde (OMS) já investigou os riscos da formação de trombos e, consequentemente, de embolia pulmonar em pessoas que viajam por horas em um avião, carro ou mesmo trem.
De fato, o risco de desenvolver tromboembolismo venoso — condição que envolve tanto a TVP quanto a EP — duplica em pessoas que passam 4 horas ou mais em um veículo de transporte. No entanto, o risco absoluto é relativamente baixo, já que ocorre em 1 pessoa a cada 6 mil.
Sintomas da embolia pulmonar
Em caso de suspeita de embolia pulmonar, o paciente deve procurar imediatamente atendimento médico. Na maioria dos casos, a pessoa relata os seguintes sintomas — que podem ser confundidos com outros quadros —, segundo artigo da Universidade da Pensilvânia:
- Falta de ar;
- Dor no peito;
- Ansiedade;
- Tontura e/ou desmaio;
- Arritmia cardíaca e palpitações;
- Tosse com sangue;
- Suor;
- Queda na pressão arterial.
Casos de embolia pulmonar no Brasil
No Brasil, estimar a quantidade de casos de embolia pulmonar não é uma tarefa tão simples, segundo equipe de pesquisa liderada por membros da Universidade Federal de Alagoas (UFAL). A questão está na falta de centralização dos dados.
Em busca de uma estimativa mais precisa, o grupo analisou dados extraídos do Sistema de Informações Hospitalares (SIH), através do Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (SUS), entre os anos de 2008 e 2019. Segundo os pesquisadores, o SIH reúne detalhes de cerca de 70% das internações em hospitais públicos feitas no país.
"No período analisado, foram registrados 81.152 casos de EP no Brasil, o que corresponde a uma taxa de internação de 3,38 por 100 mil habitantes", afirmam os pesquisadores, em estudo publicado na revista científica Jornal Brasileiro de Pneumologia. "Destes, 16.332 evoluíram para óbito", acrescentam. Neste cenário, a taxa de mortalidade hospitalar é de aproximadamente 20%.
Apesar da alta letalidade identificada no estudo que analisa o histórico da doença no país, a taxa de óbitos associados aos quadros está caindo nos últimos anos. Isso se explica pelo melhor entendimento do quadro e por melhores estratégias de tratamento.
Por exemplo, tratamentos com remédios anticoagulantes estão amplamente disponíveis para salvar a vida desses indivíduos. Em alguns casos mais graves, os médicos podem recorrer a cirurgias ou ao uso de um cateter para filtrar o trombo.
Como prevenir casos de doenças cardiovasculares?
Como a embolia pulmonar se enquadra no grupo de doenças cardiovasculares, as estratégias para prevenir a condição já são relativamente conhecidas, o que envolve:
- Prática regular de atividades físicas;
- Ter uma dieta equilibrada;
- Evitar a obesidade;
- Não fumar;
- Fazer o acompanhamento médico de doenças já conhecidas.
Pensando nos casos de trombose venosa profunda, existem algumas intervenções simples que também podem ajudar, como o uso de meias de compressão — em especial, para pessoas com algum fator de risco ou acamadas — e se manter em movimento na medida do possível, já que isso evita a formação dos coágulos.
Fonte: Jornal Brasileiro de Pneumologia, Universidade Johns Hopkins, Universidade da Pensilvânia e OMS
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