O que é míssil RS-28 Sarmat, que pode ser usado pela Rússia em guerra
Modelo conhecido como uma das "armas invencíveis" em 2018 pode levar de 10 a 15 ogivas nucleares ou 24 planadores hipersônicos Avangard
Na véspera de um ano de guerra entre a Rússia e a Ucrânia, o presidente Vladimir Putin voltou a realizar ameaças contra o Ocidente, prometendo a entrada de um novo míssil para os ataques. A bravata veio dois dias depois de suspender a participação russa no último tratado de controle de armas dessa natureza.
Putin também declarou que dará atenção à "tríade nuclear", que inclui três formas de utilização de ogivas nucleares: mísseis em solo, bombardeios e submarinos, além de ter confirmado a produção em massa de dois dos três modelos hipersônicos já em operação: o Kinjal e o Tsirkon.
Mas o anúncio também deve ser lido no contexto do conflito com os Estados Unidos e da dúvida que paira sobre a capacidade russa de introduzir o míssil RS-28 Sarmat, conhecido como uma das "armas invencíveis" lançadas por Putin em 2018 e como "Satã-2" no Ocidente.
Considerado o modelo intercontinental mais avançado do mundo, ele é capaz de levar de 10 a 15 ogivas nucleares ou 24 planadores hipersônicos Avangard, com cargas atômicas e alvos que podem correr até 18 mil quilômetros de distância.
Para se ter uma ideia, Hiroshima era uma bomba tática que possuía 15 quilotons. Em comparação, a Sarmat pode levar ogivas com centenas de quilotons ou poucas ogivas de megatons, armamentos capazes de criar cenários apocalípticos.
Em 2022, Putin chegou a afirmar sobre a Sarmat: "Essa arma verdadeiramente única vai aumentar o potencial de combate das nossas Forças Armadas, garantindo de forma confiável a segurança da Rússia contra ameaças externas, e fará com que aqueles que, no calor da retórica agressiva, tentam ameaçar nosso país pensem duas vezes", em conversa com autoridades do Ministério da Defesa.
O recado foi um alerta sobre a capacidade nuclear da Rússia, que é a maior do mundo, ao lado dos Estados Unidos, ambos somando 90% das ogivas atômicas do mundo. O míssil vem sendo desenvolvido desde 2009 e foi nomeado em homenagem ao antigo império eurasiano da Sarmácia.
Ele possui 208 toneladas, 35,5 metros de comprimento e o governo russo já fez vazar a informação de que ele seria capaz de fazer um voo suborbital de 35 mil quilômetros, algo inédito. Quando estiver disponível, estima-se que possa ser uma das armas mais assustadoras do mercado.
Ainda que já tenha sido testado com sucesso, há indícios de que um outro teste do Sarmat nesta semana tenha fracassado. E isso porque a Rússia havia emitido uma notificação de aeronavegabilidade informando a trajetória para o lançamento de um foguete da base de Plesetsk, no noroeste do país, até o campo de Kura, em Kamtchatka, no extremo oriente.
Essas informações indicam o desenho exato de um míssil intercontinental, previsto para qualquer momento dos dias 17 até 22 de fevereiro. No entanto, nada aconteceu, e a rede americana da CNN afirmou que o Sarmat foi lançado na segunda (20), quando Joe Biden fazia sua visita a Kiev, capital da Ucrânia. O míssil teria falhado quando seu segundo estágio se separou.