O que é o "gato de energia", uma das razões da crise da Light
Recuperação judicial da Light envolve cerca de R$ 11 bilhões em dívidas
A holding da Light entrou nesta sexta-feira (12) com um pedido de recuperação judicial na 3ª Vara Empresarial do Rio de Janeiro. Entre os motivos da crise financeira da empresa, está a queda na arrecadação por conta de furtos de energia, popularmente conhecidos como "gatos".
A Light Serviços de Eletricidade S.A. (Light Sesa), que é a distribuidora de energia do grupo, sofre com desvios na sua rede de eletricidade principalmente em áreas do Rio de Janeiro onde o crime organizado controla e cobra moradores pelo serviço.
O gato de energia elétrica é crime e está previsto no Código Penal, em seus artigos 171 e 155 (fraude e furto, respectivamente). De modo geral, são realizados das seguintes formas:
- Desvio de energia antes de passar pelo medidor
- O fraudador quebra o eletroduto e faz um desvio nos cabos entre o ponto de entrega da concessionária e o ponto de conexão local, que tem o medidor;
- Dessa forma, parte da energia que chega ao local não é medida pelo aparelho.
- No medidor
- Fraudadores rompem os lacres de segurança no medidor de energia elétrica e adulteram os dados;
- Equipamentos caseiros também conseguem queimar peças do medidor sem precisar romper o lacre;
A estratégia mais comum utilizada pelas empresas para identificar gatos é constatar uma queda no consumo e ir verificar a situação presencialmente, mas, devido a dificuldades logísticas, a visita pode demorar anos para acontecer.
Outros problemas
Além dos gatos, a Light afirma que os patamares de consumo de energia não conseguiram voltar aos níveis pré-pandemia e que enfrenta alta inadimplência no pagamento das contas.
A empresa também apresenta um endividamento de aproximadamente R$ 11 bilhões, o que é agravado pelo período de juros altos no Brasil, que tem a Selic a 13,75%.
A distribuidora atende 31 municípios no Estado do Rio e tem 11 milhões de consumidores.