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O que formigas têm a ver com a evolução do cérebro humano

Nova pesquisa refuta estudo do ano passado, concluindo que o cérebro humano não sofreu redução nos últimos 3 mil anos

9 ago 2022 - 18h33
(atualizado em 25/8/2022 às 09h34)
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Pesquisa agora contestada usou formigas para estudar os possíveis motivos do aumento ou diminuição do tamanho do cérebro
Pesquisa agora contestada usou formigas para estudar os possíveis motivos do aumento ou diminuição do tamanho do cérebro
Foto: kuritafsheen77 / Freepik

Pesquisadores contestam a ideia de que o cérebro humano tenha diminuído nos últimos 3 mil anos em um estudo publicado na revista científica Frontiers in Ecology and Evolution. A hipótese havia sido publicada na mesma revista, em 2021, e usava formigas para estudar os possíveis motivos do aumento ou diminuição do tamanho do cérebro. A pesquisa anterior propôs que a (suposta) redução estava relacionada à expansão da inteligência coletiva nas sociedades.

Na nova pesquisa, Mark Grabowski e Brian Villmoare refutam o estudo do ano passado, concluindo que o cérebro humano não sofreu redução nos últimos 3 mil anos.

São dois os principais pontos de contestação. O primeiro diz respeito à abrangência das amostras examinadas: metade dos 987 crânios representam apenas os últimos 100 anos, o que não possibilitaria uma análise adequada sobre quanto o tamanho do cérebro humano mudou ao longo do tempo.

Já o segundo argumento é referente à relação entre os crânios selecionados e o período de surgimento de sociedades mais complexas, citado no estudo.

Grabowski e Villmoare destacam que o surgimento dessas organizações sociais ocorreu em momentos diferentes ao redor do mundo — o que significa que deveria existir uma variação, entre as diferentes populações, do momento da suposta redução do tamanho do cérebro.

No entanto, a pesquisa de 2021 apresentaria apenas 23 crânios condizentes com os períodos dessas alterações e teria agrupado espécimes de locais diferentes, incluindo Inglaterra, China, Mali e Argélia.

Como era o estudo contestado

Por meio de análise de fósseis e de crânios humanos modernos, a primeira pesquisa havia concluído que o cérebro humano aumentou em dois períodos (2,1 milhões e 1,5 milhão de anos atrás), durante o Pleistoceno, e diminuiu cerca de 3 mil anos atrás, durante o Holoceno — período de avanços técnicos que levaram, por exemplo, à formação de grupos sociais maiores. Além dos crânios, os pesquisadores recorreram ao estudo de formigas para conduzir o estudo.

“Nós propomos que formigas podem prover modelos diversos para entender por que cérebros podem aumentar ou diminuir de tamanho em virtude da vida social. Compreender por que cérebros aumentam ou diminuem é algo difícil de se estudar utilizando apenas fósseis”, afirmou na época James Traniello, um dos autores da pesquisa.

O estudo do tamanho, estrutura e uso de energia do cérebro de algumas formigas (incluindo, por exemplo, formigas-tecelãs e saúvas) indicou que o fenômeno da inteligência coletiva e a divisão de trabalho poderiam contribuir para a variação do tamanho do cérebro.

Ou seja, em um grupo social em que o conhecimento é compartilhado ou em que indivíduos são especializados em uma determinada tarefa, os cérebros podem se adaptar para se tornarem mais eficientes e reduzirem em tamanho. 

De acordo com a pesquisa, a redução aconteceria porque a externalização do conhecimento requer menos energia para armazenar informações enquanto indivíduos. Ou seja, não haveria mais necessidade de cérebros tão grandes.

“Nós propomos que essa redução foi devida à crescente confiança na inteligência coletiva; a ideia de que um grupo de pessoas é mais inteligente do que a pessoa mais inteligente do grupo”, afirmou Traniello.

Mas a nova pesquisa detonou essa teoria. "Reexaminamos o conjunto de dados e descobrimos que o tamanho do cérebro humano não mudou em 30 mil anos, e provavelmente não em 300 mil anos", disse Villmoare. "De fato, com base neste conjunto de dados, podemos identificar nenhuma redução no tamanho do cérebro em humanos modernos durante qualquer período de tempo desde as origens de nossa espécie."

Fonte: Redação Byte
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