Óculos de realidade virtual para ratos revelam novas descobertas cerebrais
Maiores que os próprios animais, os óculos foram produzidos com componentes de baixo custo e prontos para uso
Em um novo estudo divulgado na revista científica Nature Methods, pesquisadores criaram um conjunto de óculos de realidade virtual (RV) para ratos de laboratório para aplicação em pesquisas cerebrais.
Estes dispositivos de RV possibilitarão aos pesquisadores proporcionar experiências imersivas para ratos, ao mesmo tempo que registram imagens fluorescentes da atividade cerebral desses animais.
Os óculos, maiores que os minúsculos camundongos, foram produzidos com componentes de baixo custo e prontos para uso, tais como telas de relógio inteligente e lentes de tamanho reduzido, informaram os pesquisadores.
O co-pesquisador principal Matthew Isaacson, pesquisador na Universidade Cornell, disse em um comunicado que o objeto "definitivamente se beneficiou do ética hacker de pegar peças que são construídas para outra coisa e então aplicá-las a um novo contexto".
"O tamanho perfeito de tela, como se vê, para os óculos de realidade vistual já está praticamente pronto", continuou Isaacson. "Tivemos sorte de não precisar construir ou projetar nada do zero. Pudemos facilmente obter todas as peças baratas de que precisávamos."
Há aproximadamente dez anos, pesquisadores começaram a montar telas de projetor inadequadas para os roedores para criar ambientes de realidade virtual. No entanto, esses aparelhos frequentemente geravam tanta luz e ruído que prejudicavam os experimentos, segundo os pesquisadores.
O cientista sênior Chris Schaffer, professor de engenharia biomédica em Cornell, explicou que "quanto mais imersiva pudermos tornar essa tarefa comportamental, mais naturalista será a função cerebral que estudaremos".
A mais recente configuração de Realidade Virtual, conhecida como MouseGoggles, exige que um rato se posicione sobre uma esteira em forma de bola, mantendo sua cabeça firmemente posicionada. Os óculos é ajustado à sua cabeça e mantido fixo com uma haste, enquanto o rato corre pela pista.
Para confirmar o funcionamento do fone de ouvido, os cientistas projetaram a representação de uma área escura em crescimento que parecia estar se aproximando dos ratos.
"Quando tentamos esse tipo de teste na configuração típica de VR com telas grandes, os ratos não reagiram", disse Isaacson. "Mas quase todos os ratos, na primeira vez que veem com os óculos, pulam. Eles têm uma reação de um grande susto. Realmente pareciam pensar que estavam sendo atacados por um predador."
Outros resultados
A equipe também avaliou duas áreas importantes do cérebro para assegurar que as imagens de ressonância magnética estavam operando adequadamente.
Os achados do córtex visual primário confirmaram que os óculos produzem imagens claras e com alto contraste que os ratos conseguem perceber, e as análises do hipocampo confirmaram que os animais estão mapeando com êxito o ambiente virtual que lhes é disponibilizado.
Os autores do estudo sugeriram que esses óculos de realidade virtual podem auxiliar no estudo da atividade cerebral que acontece quando mamíferos, sejam ratos ou humanos, se movimentam em seu ambiente. Isso pode fornecer aos pesquisadores novas perspectivas sobre doenças como o Alzheimer.
Os cientistas pretendem aprimorar ainda mais os óculos, incluindo uma versão leve e portátil que poderia ser utilizada por animais maiores em laboratório. Eles também desejam avaliar a capacidade de adicionar mais sentidos à experiência de Realidade Virtual, tais como o paladar e o olfato.