Operação da PF busca suspeitos de fraudes bilionárias com criptomoedas
Movimentação com fraudes e esquemas de pirâmide com criptomoedas pode chegar a R$ 4 bilhões no Brasil, disse a Polícia Federal
A Polícia Federal (PF) disse nesta quinta-feira (6) que deflagrou operação que inclui 20 mandados de busca e apreensão contra organização suspeita de fraudes bilionárias com criptomoedas no Brasil e no exterior ligadas a esquemas de pirâmide.
A PF disse que além dos mandados, expedidos pela 23ª Vara Federal de Curitiba, houve a decretação judicial de sequestro de imóveis e bloqueio de valores. As ordens judiciais foram cumpridas nos Estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Santa Catarina e Paraná.
As investigações começaram neste ano e envolveram Interpol, órgãos dos Estados Unidos e a PF. A operação desta quinta-feira aprofunda apuração de prática de crimes contra a economia popular e o sistema financeiro nacional, de estelionato, de lavagem transnacional de dinheiro e de organização criminosa.
Segundo as investigações, a movimentação pode chegar a R$ 4 bilhões no Brasil, disse a PF, que não divulgou a identidade dos investigados. Os crimes teriam ocorrido localmente e no exterior desde 2016.
As investigações giram em torno de um brasileiro que, segundo diligências iniciais, possuía mais de 100 empresas abertas no Brasil vinculadas a ele e que, através de seu grupo empresarial, estaria lesando investidores no exterior e em território nacional, de acordo com comunicado da PF.
No Brasil, ele teria feito milhares de vítimas prometendo, por meio de suas empresas, ganhos com operações de criptoativos, segundo a polícia. Ele alegava vasta experiência nesse mercado e informava aos clientes que possuía grande equipe de traders, que gerariam lucro com o aluguel dos criptoativos.
A PF disse que outra estratégia identificada era a de criação de criptomoedas próprias, que eram comercializadas com promessa de pagamentos de retornos mensais "extravagantes", segundo comunicado, mas que na verdade não possuíam lastro ou liquidez no mercado.
A mesma organização, de acordo com a PF, desenvolvia fraude semelhante com parceiros no exterior, mas focada em marketing multinível. A ação ocorria nos EUA e em ao menos outros dez países, informou a PF sem revelar o nome dos envolvidos.
Os recursos obtidos com os golpes eram usados para pagamentos das remunerações mensais e aquisição de imóveis de alto valor, carros de luxo, embarcações, reformas, roupas, viagens, entre outros gastos, disse a PF.
A PF afirmou que a organização criminosa passou a atrasar pagamentos e deixou de honrar remunerações mensais contratadas pelos clientes, além de bloquear os saques, alegando problemas de ordem administrativa, financeira e técnica.
A operação, chamada Poyais, envolveu cerca de 100 policiais federais e teve a participação de servidores da Receita Federal.