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Empresa chinesa já vende "humanos digitais"; qual será o impacto disso?

Recurso da Tencent vai abrir caminho para a criação de profissionais digitais como professor, atendente e até médicos e advogados

24 mai 2023 - 05h00
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Chinesa Tencent Cloud apresentou ao mundo no início desse ano a tecnologia deepfake como serviço
Chinesa Tencent Cloud apresentou ao mundo no início desse ano a tecnologia deepfake como serviço
Foto: Divulgação / Tencent

O cenário em que pessoas reais são substituídas por pessoas digitais parece mesmo que deixou de ser alguma coisa do cinema, e do futuro para se tornar o presente. Com os avanços que fez no uso da inteligência artificial, a chinesa Tencent Cloud apresentou ao mundo no início desse ano a tecnologia deepfake-as-a-service (DFaaS), ou tecnologia deepfake como serviço.

Basicamente trata-se de uma plataforma digital de produção humana de alta definição. Ou seja, um serviço que simula um ser humano com aparência real.

Os “humanos digitais”, como estão sendo chamados, podem ser usados para responder a perguntas ou ainda para realizar transmissões ao vivo, por exemplo, mas não é só isso. Sabe-se que a tecnologia reproduz movimentos e fala natural e certamente vai abrir caminho para a criação de profissionais digitais tais como: professor, atendente e por que não, como sugere parte da imprensa chinesa, médicos, advogados, entre outros profissionais.

O serviço ainda está em fase desenvolvimento mas a expectativa é que se veja cada vez mais suas aplicações reais na China nos próximos meses.

Como funciona o deepfake-as-a-service

Os humanos digitais estão disponíveis em formato de meio corpo ou corpo inteiro. E podem ser produzidos em até 24 horas. Informações do jornal chinês Jiemian dão conta de que a gigante da tecnologia chinesa precisa só de três minutos de vídeo ao vivo, e de 100 frases de uma determinada pessoa para treinar o humano digital em inglês, e em chinês ao custo de aproximadamente R$ 800.

São cinco estilos de humanos digitais oferecidos pela companhia: 3D realista, 3D semi realista, desenho animado 3D, pessoa real 2D e desenho animado 2D. Além disso, podem ser criadas para o humano digital perguntas e respostas, o transformando em uma espécie de chatbot deepfaked.

O fundo e o tom também são todos passíveis de personalização. E o uso dos vídeos na criação evita a entonação e o ritmo de fala encontrado nos modelos tradicionais, já que este novo utiliza tecnologia de personalização de timbre.

O que isso poderá causar no mundo?

Gerar imagens com alto grau de verossimilhança já está sendo e será ainda a cada dia mais fácil. Mês passado, por exemplo, o Papa Francisco teve uma imagem estampada nas redes sociais e em alguns veículos da imprensa por vestir um casaco branco de inverno bem inusitado para o pontífice. A foto teve uma ampla repercussão porque parecia mesmo real.

A criação de humanos digitais em vídeos bem realistas — como o serviço da Tencent, de fato, é algo mais complexo de se alcançar, mas não impossível.

O executivo da empresa chinesa, Chen Lei, afirmou que espera construir uma plataforma para fabricar humanos digitais com um serviço completo de autoatendimento tanto para produção, quanto para vendas e serviços. A fábrica humana digital planejada pela companhia vai utilizar a Tencent Cloud TI — uma plataforma de aprendizado de máquina que oferece mais de dez algoritmos de inteligência artificial.

Com o rápido avanço das tecnologias generativas, e do seu uso, existem muitos receios que já começam a se formar em torno da questão. Desde a possibilidade de que um conteúdo falso seja difícil, ou quase impossível, de se distinguir do real, até a falta de empregabilidade para os humanos reais, por exemplo, com a popularização dos humanos digitais.

Independente do grau de escolaridade ou conhecimento sobre tecnologia, estamos todos passíveis de confundirmos nosso cérebro por deepfakes. O debate sobre ética no universo da inteligência artificial está atrasado à medida em que você lê este artigo. Descobriremos juntos as próximas páginas desse capítulo.

Fonte: Redação Byte
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