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Real Digital segue passos da China e pode revolucionar economia brasileira

Nova moeda pode promover uma mudança na estrutura do comércio e das relações entre governos, empresas e cidadãos

10 mai 2023 - 05h00
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A expectativa é de que o Real Digital esteja disponível à população até o final de 2024
A expectativa é de que o Real Digital esteja disponível à população até o final de 2024
Foto: Reprodução/Agência Senado

O Banco Central do Brasil promete concluir os testes com o Real Digital ao longo do ano de 2023 e concluí-lo em 2024. Ao abrir as portas para o público, o país se junta a um grupo seleto de nações que estão trabalhando em suas moedas digitais de banco centrais: as CBDCs, sigla para Central Bank Digital Currency (moeda digital do banco central, em português).

Segundo estudo da organização Atlantic Council, em dezembro de 2022, só 11 países dos 114 que atualmente estudam as CBDCs conseguiram implementar suas iniciativas com sucesso.

Dezoito nações estão, neste momento, em uma fase piloto, que é importante para garantir a segurança e a infraestrutura por trás das moedas digitais. A depender de quando for lançado ao público, o Real Digital pode colocar o Brasil como uma das maiores economias do mundo ao conseguir implementar sua versão de moeda digital com sucesso.

Como foi a moeda digital oficial chinesa

O programa soberano de moeda digital da China é oficialmente chamado de Digital Currency Electronic Payment (DCEP). Basicamente é a versão digital do Renminbi, moeda oficial dos chineses, e foi implantado em 2020.

Ela é a única moeda digital legalizada na país asiático. Foi criada e autenticada pelo governo e é emitida pelo banco estatal (PBoC, o People’s Bank of China). A diferença do modelo DCEP em relação ao modelo tradicional de transação bancária é que as transações são feitas por meio de carteiras virtuais em vez de utilizar contas bancárias.

Ao passar pela fase piloto, a China fez a distribuição do DCEP em duas etapas: emitindo-a para intermediários, ou seja, instituições financeiras (bancos) e não financeiras (Alibaba, Tencent e UnionPay); para só então os intermediários distribuírem a moeda no varejo e fazê-la circular por meio das compras.

Em outubro de 2020, a cidade de Shenzhen sorteou um total de 50 mil hongbaos (envelopes vermelhos usados como presentes na China), cada um contendo 200 Renminbi para residentes registrados em aplicativo de serviços públicos.

Os ganhadores receberam seus hongbaos de DCEP por meio de uma carteira digital, o Digital Renminbi App. Apesar de somente 50 mil hongbaos terem sido sorteados, o mecanismo atraiu cerca de 2 milhões de participantes.

Pensando em monitorar melhor as transações monetárias, a implementação do DCEP também tem o objetivo de diminuir os riscos atribuídos a transações em papel moeda como: falsificação, lavagem de dinheiro, terrorismo e financiamento ilegal, além de promover independência quanto aos sistemas CHIPS (Clearing House Interbank Payments System) e SWIFT (Society for Worldwide Interbank Financial Telecommunication).

Para que usaremos essas moedas digitais?

O Real Digital definitivamente não é o fim dos bancos, mas uma revolução do sistema financeiro no Brasil. O objetivo do governo é que ele seja usado em pagamentos, compras, transações e investimentos.

Para o setor varejista, a moeda digital pode ser um divisor de águas para as empresas que querem criar mecanismos de expansão da base de clientes e fortalecer as relações com os consumidores por meio de programas de fidelidade, cashback e outros benefícios que podem ganhar escala.

Com a intensificação dessa fase de digitalização financeira, além de reduzir os custos e o uso das transações em papel-moeda — que representam atualmente 3% das operações no país — o Brasil começa a promover, no longo prazo, uma mudança na estrutura do comércio, na política de internacionalização, e também na forma como as pessoas pagam e usam os serviços. Isso sem falar na interação entre governo, empresas e cidadãos.

A evolução desse método de pagamento é só a ponta do iceberg. Até porque, ainda há, nesse sentido, outras evoluções possíveis com a integração da tecnologia à nossa biologia.

Afinal de contas, para um brasileiro ficar sem seu smartphone e sem sinal de internet, hoje em dia, significa uma barreira e tanto, mas na China você já pode sair de casa sem precisar de nenhum dispositivo e mesmo assim vai conseguir realizar compras e utilizar serviços. Já pensou? Esse é o assunto da nossa próxima e última coluna sobre as evoluções que a tecnologia está promovendo no mercado financeiro.

Fonte: Redação Byte
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