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Os 'jeitinhos' que os chineses encontram para driblar a 'Grande Muralha' do governo à internet

11 fev 2017 - 16h05
(atualizado às 16h22)
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A internet é altamente censurada na China
A internet é altamente censurada na China
Foto: Boarding1Now / BBC News Brasil

O governo chinês anunciou recentemente uma medida para dificultar que os internautas do país acessem as chamadas VPNs, ou redes vituais privadas, que permitiam driblar a censura que o país impõe às informações da rede.

O uso das VPNs permite "enganar" os controles do governo sobre a internet, ao ocultar o local de onde a pessoa faz o acesso. Essa é apenas uma de várias maneiras que os chineses encontram para driblar a chamada "Grande Muralha Digital" (em referência à Grande Muralha da China) com a qual as autoridades do país limitam o acesso à internet.

Com mais de 730 milhões de internautas - 75% dos quais com idades entre 10 e 39 anos -, a China tornou-se o grande sonho de consumo de empresas de tecnologia da informação (TI), incluindo o ramo de aplicativos e mídias sociais.

Mas o acesso à nação com o maior número de pessoas conectadas do mundo depende de passar pelo mais poderoso "firewall" do planeta. A "Grande Muralha" digital nada mais é do que um imenso filtro para garantir que as pessoas tenham acesso apenas às informações que o Estado considere adequadas.

Muitos chineses só conseguiam acessar sites e aplicativos bloqueados no país, como Facebook, Twitter, YouTube e Netflix, por meio das VPNs.

O mesmo acontece com certas palavras ou expressões. Às vésperas de efemérides consideradas sensíveis pelo governo, como o aniversário do Massacre da Praça da Paz Celestial, buscas pelo ano de 1989 e ao nome da praça também são bloqueadas. A internet passa a funcionar bem mais devagar.

A verdade é que, a despeito da quantidade impressionante de internautas, a rede chinesa pode funcionar como uma espécie de intranet (rede fechada) em um estalar de dedos.

Mesmo com a nova ofensiva do governo, os inventivos chineses ainda têm outras formas para chegar à informação que buscam, ou mesmo para tocar em assuntos que o governo não quer que sejam discutidos. Conheça alguns deles abaixo.

O uso de aplicativos alternativos

Milhões de chineses não têm e não querem VPNs pois acham não precisam delas. A China tem redes socias próprias, que replicam o modelo das tradicionais redes conhecidas e usadas mundo afora.

O Sina Weibo, por exemplo, é o equivalente ao Twitter. Os usuários não largam o WeChat, um aplicativo que, sozinho, tem cerca de 500 milhões pessoas conectadas, trocando mensagens e postando fotos, comentários ou reclamações. O WeChat é um cruzamento turbinado do Facebook, proibido na China, com o WhatsApp, que é permitido.

Com ele, pagam-se até contas.

O equivalente ao YouTube é o Youku.

Tribuna inesperada

O Sina Weibo e o WeChat foram palco, em semanas recentes, de discussões e críticas às autoridades por causa das ondas de poluição que assolam várias metrópoles chinesas, um assunto que começa a ser debatido abertamente na China. Mas muitos comentários desapareceram. Isso ocorre quando o assunto é um tema considerável sensível. Porém, internautas mais insistentes postam novamente.

Jogo de palavras

Recentemente, o termo "Jin San Pang", ou "Kim terceiro, o gordo", expressão muito usada entre os internautas para se referir ao líder da Coreia do Norte, Kim Jong-un, um aliado da China, foi bloqueado. Acostumados a situações semelhantes, os internautas rapidamente adaptaram a referência por meio de um jogo de palavras, uma das alternativas para escapar dos bloqueios. "Kim terceiro, o gordo"(金三胖) tornou-se "Kim terceiro, meia lua (金三月半)".

Pode não fazer muito sentido à primeira vista, mas é o que acontece se dividido o ideograma "pang"(胖 ,"gordo") em seus dois caracteres "yue" (月,lua) e "ban" (半,metade).

O jogo de palavras cria outras maneiras de se referir a um mesmo assunto. Até que os filtros descubram as novas expressões usadas para bloqueá-las - e que os usuários busquem outras para colocar no lugar.

Códigos

Internautas já organizaram movimentos online a partir de códigos para disfarçar o que tentavam comunicar. Um deles é a expressão "dar uma caminhada", que acabou se tornando sinônimo de fazer um protesto pacífico.

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