Paralimpíadas 2024: como está o acesso a tecnologias entre países ricos e pobres
Alto custo de aparelhos e disponibilidade limitada impedem que muitas pessoas com deficiência usufruam de seus benefícios
Paralimpíadas de Paris 2024 destacam o papel da tecnologia assistiva na promoção da inclusão e alertam para as desigualdades no acesso a essas tecnologias.
As Paralimpíadas de Paris 2024, que tiveram início nesta semana, colocam em destaque não apenas o talento de atletas com condições físicas, mas também o papel da tecnologia assistiva na superação de barreiras e na promoção da inclusão.
Até agora, mais de 1,9 milhão de ingressos já foram vendidos de um total de 2,5 milhões postos à venda.
Enquanto o mundo celebra as conquistas esportivas, a Organização Mundial da Saúde (OMS) e o Comitê Paralímpico Internacional (IPC) alertam para as profundas desigualdades no acesso a essas tecnologias, que impactam a vida de bilhões de pessoas em todo o mundo.
A campanha "Equipped for equity", lançada pelas duas entidades, apresenta histórias inspiradoras de atletas que dependem de dispositivos como próteses, cadeiras de rodas e óculos especializados para competir e viver com autonomia.
Contudo, o alto custo dos aparelhos e a limitada disponibilidade dessas tecnologias impedem que muitas pessoas com deficiência usufruam de seus benefícios.
Acessibilidade
A falta de acessibilidade à tecnologia assistiva é especialmente evidente em países em desenvolvimento, onde apenas uma pequena parcela da população tem acesso a equipamentos básicos como cadeiras de rodas e aparelhos auditivos.
Para se ter ideia, em alguns países de baixa renda, apenas 3% das pessoas têm os produtos de assistência de que precisam, em comparação com até 90% em alguns países de alta renda.
A OMS destaca também que apenas 5% a 35% das pessoas que precisam de cadeiras de rodas e 10% das pessoas que precisam de aparelhos auditivos têm acesso a eles.
As estimativas são de que, com envelhecimento da população e o aumento das condições crônicas de saúde, 3,5 bilhões de pessoas devem precisar de tecnologia assistiva até 2050.
Essa desigualdade limita a participação social, a mobilidade e as oportunidades de emprego para milhões de pessoas. A realização dos Jogos Paralímpicos em Paris também serve como um espelho para as deficiências em infraestrutura e políticas públicas voltadas para pessoas com deficiência na França e em outros países.
A falta de acessibilidade em transportes públicos, por exemplo, é um desafio que precisa ser superado para garantir a inclusão de todos. Para se ter ideia, apenas 3% da vasta rede de metrô de Paris oferece acessibilidade plena.