Perfis de direita bombam no Twitter com novo selo pago de verificado
De acordo com levantamento, número de usuários da direita radical verificados no Twitter Blue saltou de 0,7% para 15,4%
Um novo levantamento do instituto de pesquisas DeltaFolha, com uma ferramenta que posiciona no espectro ideológico as principais figuras públicas do Twitter e seus seguidores, mostrou que o número de usuários da direita radical verificados no Twitter Blue saltou de 0,7% para 15,4%.
Os dados foram revelados pelo jornal Folha de S. Paulo. O sistema de selos pagos implementado na rede social do bilionário Elon Musk tem dado o que falar desde sua mudança, há duas semanas.
Antes a verificação era concedida para figuras públicas como celebridades, políticos, entidades e empresas, divulgadores científicos e jornalistas, por exemplo.
Após a aquisição de Musk, qualquer usuário da plataforma que desembolsar um valor mensal (R$ 42) pode ter o selo azul na rede do passarinho.
Desde que lançada, a proposta do selo de verificação pago visava destacar os usuários que assinavam o plano.
"Em breve, os assinantes com o símbolo azul de verificação terão prioridade no ranking de buscas, menções e respostas, para ajudar a diminuir a visibilidade de golpes, spam e bots", dizia o comunicado em 2022.
Crescimento de perfis de direita
As contas foram dispostas em uma reta ideológica e divididas em dez grupos com tamanhos iguais, de maneira que o meio da régua não representa necessariamente o centro político.
A análise selecionou, aleatoriamente, 105 mil seguidores ativos em uma base com 1,8 milhão de contas, sendo 2.243 influenciadores do debate político.
Os dados mostraram que essas contas pagaram pelo selo ou o obtiveram a partir de uma redistribuição feita sem transparência pelo Twitter.
Entre os influenciadores do debate político no Brasil, perfis com selo nesse grupo mais à direita representam agora 15,5% do total de verificados —antes, eram 5,9%.
Ainda de acordo com a análise, com a divisão dos usuários em dez grupos iguais, os resultados mostraram que os dois grupos mais à direita são os únicos com aumento de contas validadas — sendo 30% dos perfis com o selo agora, contra 14% na esquerda.
Já entre influenciadores políticos, a distribuição se mostrou mais homogênea: duas faixas mais à direita agora reúnem 28% dos perfis verificados, contra 15% no lado oposto.
Mais perfis de direita
Já em dezembro do ano passado, usuários perceberam que estavam sendo impactados por perfis de contas que não seguem — especificamente, perfis de direita.
Não sigo NENHUMA dessas pessoas. As quatro estão na minha timeline exatamente agora. Não pode ser coincidencia. pic.twitter.com/3dZhuo5fJJ
— Gregorio Duvivier (@gduvivier) December 14, 2022
Adesão ao selo
Poucos usuários populares aderiram ao selo de verificação — algo que levou o Twitter a devolver a identificação a alguns como Neymar, ou o ex-presidente Jair Bolsonaro.
Isso não se restringe ao Brasil. No final de abril, o Britain First, partido britânico de extrema-direita, foi beneficiado com o recurso de classificação de “organização oficial”.
A organização faz campanha contra o multiculturalismo e é gerida por líderes com procedentes nazistas, como Paul Golding, ex-membro do partido neonazista National First.
Ainda assim, mesmo com as devoluções, o levantamento o DeltaFolha mostrou que apenas 0,2% dos usuários analisados possuem o selo azul atualmente — uma média de 20 a cada 10 mil usuários.