Pesquisa descobre ligação entre antiga deusa egípcia e a Via Láctea
O estudo busca destacar as conexões entre a astronomia e os antigos mitos egípcios
Cientistas descobriram conexões entre astronomia e mitos egípcios, notando associações entre deuses, estrelas e a Via Láctea. Or Graur, professor associado de Astrofísica da Universidade de Portsmouth, fez estudos para mapear essas conexões.
Cientistas descobriram conexões entre a astronomia e os antigos mitos egípcios. Or Graur, professor associado de Astrofísica da Universidade de Portsmouth, publicou no início de abril deste ano seu estudo no Journal of Astronomical History and Heritage.
De acordo ele, o deus Sah possuía associação com as estrelas da constelação de Orion, enquanto a deusa Sopdet foi associada à estrela Sirius.
Em artigo assinado pelo cientista no site The Conversation, ele destaca que diversos outros estudiosos sugeriram que a deusa Nut, egípcia do céu que engolia o sol ao se pôr e o dava à luz novamente ao nascer no dia seguinte, estava conectada à Via Láctea.
Porém, na tentativa de mapear as partes do corpo de deus com as seções da Via Láctea, não houve correspondência consistente aos textos antigos.
Por isso, Graur comparou as descrições da deusa Nut, nos Textos das Pirâmides, Textos dos Sarcófagos, mas principalmente com as informações do Livro de Nut, com simulações da aparência da Via Láctea no céu noturno do antigo Egito.
O Livro de Nut, especificamente, demonstra a significância da deusa no ciclo solar. O documento foi encontrado em diversos monumentos e papiros. A versão mais antiga do Livro é de aproximadamente 3.000 anos.
Com as informações tiradas dos documentos antigos, Graur conseguiu concluir que a cabeça e a virilha de Nut eram como os horizontes ocidental e oriental, respectivamente. Além disso, ele extraiu a informação sobre uma série de estrelas chamadas "decanas", que podem ter sido usadas para medir o tempo durante a noite.
Com esses detalhes, o pesquisador presumiu que a cabeça e a virilha de Nut precisavam estar fixas nos horizontes, de forma que ela conseguisse “dar à luz”, e posteriormente engolir as estrelas. “Isso significava que ela nunca poderia ser mapeada diretamente na Via Láctea, cujas diferentes seções também surgem e se põem”, disse Graur, no artigo do The Conversation.
Por outro lado, ele também encontrou uma conexão com a Via Láctea, utilizando os braços de Nut como referência. No livro, o braço direito da deusa está no noroeste e o braço esquerdo no sudeste, formando um ângulo de 45 graus com seu corpo.
“Minhas simulações do céu noturno egípcio usando os softwares de planetário Cartes du Ciel e Stellarium revelaram que essa orientação era precisamente a da Via Láctea durante o inverno no antigo Egito”, destacou, no texto.
No verão, quando sua orientação gira 90 graus, a galáxia se tornava a coluna vertebral de Nut. Ela é retratada com frequência em murais de tumbas, nua e arqueada, similar ao arco da Via Láctea, de acordo com as pesquisas de Graur.
Além disso, a deusa tem diversas representações animais, como uma vaca, um hipopótamo e um abutre. O cientistas também ressalta que Nut também era descrita como uma escada, que estendia seus braços para ajudar a guiar os falecidos até o céu.
Outras culturas globais fazem a mesma associação da Via Láctea como um caminho espiritual, como os Lakota e os Pawnee na América do Norte.