Pesquisador descobre fungo azul "raro como unicórnio" no Brasil
Descoberta ocorreu na mata nebulosa de Santa Catarina, em 2020, quando o pesquisador fazia um levantamento das espécies de macrofungos
Um raro fungo azul foi descoberto na serra catarinense por pesquisadores da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). A espécie, denominada Microglossum azeurum, foi registrada recentemente pelo pesquisador do Programa de Pós-Graduação em Biologia de Fungos, Algas e Plantas, Luís Funez.
A descoberta se deu em meio à mata nebulosa de Santa Catarina, em 2020, quando o pesquisador fazia um levantamento das espécies de macrofungos na região.
“Eram feitas visitas regulares a cada uma dessas áreas, e os fungos que cresciam lá, eram fotografados, coletados e desidratados para que os estudos da sua morfologia e material genético pudessem posteriormente acontecer”, disse Luís Funez no portal da UFSC.
Segundo o pesquisador, encontrar tal fungo azul é uma raridade, já que alguns autores descrevem suas aparições a cada 12 a15 anos, e outros descrevem mais de 50 ou 60 anos.
“Encontrar um Microglossum é quase um delírio, um unicórnio fúngico. Eles são pequenos, coloridos e aparecem em lugares imprevisíveis em longos intervalos de tempo...Ou seja, talvez tenha sido a primeira e última vez que eu me deparei com uma maravilha dessas. Fico extremamente feliz por ter tido esse momento e poder ter trazido isso à luz da ciência”, comenta Funez.
Para se certificar sobre a espécie, foram realizadas algumas análises. De acordo com o pesquisador, a morfologia completa dos fungos pode ser acessada com auxílio de um microscópio.
Além disso, as análises genéticas são fundamentais para a identificação de fungos, que representam um dos mais diversos grupos de organismos do planeta. “As espécies são muito parecidas entre si e se conhece relativamente pouco sobre eles”, pontua.
Novas espécies confirmadas
Além do Microglossum azureum, confirmou-se também a descoberta do Microglossum popovkinii, fungos de cor amarela encontrados na Bahia e Mato Grosso. “Mas quando estas chegaram, notamos que duas amostras do amarelo, provenientes do Mato Grosso, eram geneticamente muito distintas das outras, e foi preciso reanalisar o material. Então surgiu uma terceira espécie: Microglossum sourellae”.
Funez explica que, dentro de Microglossum, há duas principais linhagens: a estipe escamoso e as estipe nú. Todas as novas espécies descritas possuem estipes nús.
No caso do fungo localizado na serra catarinense, a cor azul vibrante e quase uniforme é sua marca registrada. “Nenhum outro apresenta esta coloração azul tão viva”, explica.
Os amarelados, por sua vez, possuem características parecidas entre si, diferindo-se dos demais pela cor, amarelo pálido com a base do estipe azulada.
As diferenças também abrangem formatos e medidas de estruturas microscópicas, como esporos e ascos.