Pesquisadores encontram spyware israelense implantado na Armênia
A empresa já contestou anteriormente acusações de irregularidades, dizendo que seu software é usado para combater o terrorismo e crimes
Pesquisadores descobriram que o software de invasão de telefones Pegasus, de fabricação israelense, foi utilizado contra alvos em toda a Armênia, incluindo repórteres de uma organização de notícias financiada pelo governo dos Estados Unidos, segundo um relatório divulgado nesta quinta-feira.
Uma equipe de pesquisadores formada pelo grupo de direitos digitais Access Now, a organização de direitos humanos Anistia Internacional, o regulador de internet canadense Citizen Lab, o grupo de defesa digital armênio CyberHUB-AM e o pesquisador independente Ruben Muradyan, disse ter confirmado pelo menos 12 casos em que o software de espionagem do NSO Group foi usado contra autoridades, jornalistas e organizadores na Armênia.
O que os pesquisadores puderam confirmar "é a ponta do iceberg", disse Natalia Krapiva, consultora jurídica da Access Now. "A segmentação foi bastante extensa."
O Pegasus é uma das muitas ferramentas avançadas de espionagem que permite aos hackers acessar os smartphones de seus alvos, permitindo-lhes gravar chamadas, interceptar mensagens e até mesmo transformar os telefones em dispositivos portáteis de escuta.
Em um e-mail, o NSO Group disse que não poderá abordar as alegações específicas feitas pela coalizão de pesquisadores, mas que "investigará todas as alegações críveis de uso indevido".
A empresa já contestou anteriormente acusações de irregularidades, dizendo que seu software é usado para combater o terrorismo e crimes graves.
Os pesquisadores disseram acreditar que o país vizinho Azerbaijão, que travou várias guerras com a Armênia pela área disputada conhecida como Nagorno-Karabakh ou Artsakh, provavelmente é o responsável pela atividade de hackers.
A Embaixada do Azerbaijão em Londres disse em comunicado que o país "não se envolve em tais práticas" e "não espiona cidadãos estrangeiros".