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Por que cada vez mais influenciadores revelam crises de saúde mental

Famosos como Luva de Pedreiro são muito afetados pelas plataformas digitais; relação com fãs e "haters" é fator importante no estresse

21 set 2022 - 09h32
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Luva de Pedreiro, influenciador que decidiu parar sua produção de vídeos duas vezes só em 2022
Luva de Pedreiro, influenciador que decidiu parar sua produção de vídeos duas vezes só em 2022
Foto: RD1

O influenciador Iran Alves, mais conhecido como Luva de Pedreiro, anunciou neste mês que abandonaria as redes sociais para descansar do excesso de trabalho — embora já tenha sinalizado que não é definitivo. Seu caso mostra como a pressão dos influenciadores para produzir conteúdo constantemente e manter uma vida pública perfeita podem impactar seriamente a saúde mental deles, principalmente os mais jovens.

O caso dele chama a atenção porque esta não é a primeira vez que o baiano de 20 anos anuncia pausa na carreira. Em junho, fez o mesmo, alegando pressão por mais conteúdo. 

A lista de celebridades que já deram uma pausa no ambiente digital em algum momento da carreira, por causa principalmente da pressão, é longa: Whindersson Nunes, Luísa Sonza, Jout Jout, Esse Menino, Lumena Aleluia e outros. 

Para especialistas ouvidos por Byte, é preciso que essas pessoas tenham maturidade e suporte emocional quando sentirem o momento de parar a produção, seja temporariamente ou de vez.

“As pessoas acham que os artistas são perfeitos e acham que eles devem fazer ações que não necessariamente devem. As pessoas esquecem que ali dentro tem uma pessoa, com sentimentos, necessidades e dificuldades. Os fãs acolhem, dão suporte, mas isso não significa que também não cobrem determinadas posturas”, comenta Yuri Busin, doutor em neurociência do comportamento pela Universidade Presbiteriana Mackenzie.

Esse Menino, humorista que encarnou o vídeo da "Pifaizer" e deu um tempo das redes para cuidar da saúde mental
Esse Menino, humorista que encarnou o vídeo da "Pifaizer" e deu um tempo das redes para cuidar da saúde mental
Foto: Reprodução/Instragam @essemenino / Estadão

“Você deveria se matar” não é uma crítica

Com mais de 1 milhão de seguidores no TikTok e no Instagram, o influenciador Esse Menino, que bombou com um vídeo que ironiza a troca de mensagens entre o presidente Jair Bolsonaro e a Pfizer, já chegou a se afastar das redes sociais no final do ano passado, mas retornou em fevereiro.

Segundo ele, a relação com os fãs é saudável, mas faz questão de separar o trabalho nas redes da vida pessoal e prefere ignorar os "haters". “Alguém que diz 'você deveria se matar' não quer criticar, é muito mais sobre fazer você se sentir mal. E sinto que essas pessoas se validam quando você dá voz a elas. Acho que assim elas ganham força, então eu nunca dou papo”, comentou a Byte.

Esse Menino confirmou que seu período fora da web foi por questões de saúde mental. “Eu realmente tava trabalhando muito, chegando numa exaustão de criação, considerei que as coisas não estavam mais saindo tão legais, e aí decidi dar uma pausa sim. E aí quando as ideias voltaram, foi mais naturalmente, num ritmo confortável”. 

O influenciador de jogos Diogo Goloh, que hoje tem quase 6 mil seguidores na Twitch, disse que a plataforma permite uma boa interação com seguidores. Já no Instagram, a possibilidade de as pessoas enviarem mensagens privadas dá mais possibilidade de haver agressões contra o criador de conteúdo. “Já recebi muita coisa errada (em todos os sentidos), então prefiro interações de forma pública”, explica ele.

Goloh argumenta que as redes sociais podem criar espaços incríveis, mas que é mais fácil ser uma pessoa tóxica por trás de um “fake” (perfil falso) ou anonimato na internet. Por isso, ele mesmo evita ler as DMs, porque é por lá que as pessoas falam coisas que elas não têm coragem de falar em outros espaços.

Luiza Sonza também é mais uma das famosas que deram um tempo das redes sociais
Luiza Sonza também é mais uma das famosas que deram um tempo das redes sociais
Foto: Reprodução Instragram @luisasonza

Especialistas apontam importância de apoio para influencers

Segundo o psicólogo Roberto Debski, as pessoas que trabalham com redes sociais têm que ter e saber dar limites. “Muitas vezes vão precisar de outras pessoas que auxiliem, porque às vezes não conseguem dar conta do volume de abordagens, de questionamentos, de críticas e mesmo de elogios – e isso pode ser um grande fator estressor”, explica.

Para Yuri Busin, a cultura do cancelamento também afasta muito as pessoas. Ele considera essa atitude como não educacional, e sim um movimento de raiva. "As pessoas devem educar o próximo, não puni-lo”, define.

A professora e doutora em Psicologia da Universidade São Judas, Priscila Rodrigues, diz que as redes sociais podem tanto elevar a autoestima da pessoa mais famosa até deixá-la deprimida pela rejeição recebida. “Essa gangorra emocional muito intensa, em um pequeno período de tempo (...) pode trazer uma série de complicações para a saúde mental dessa pessoa”, diz ela.

Outro ponto importante, segundo Rodrigues, é estabelecer um limite de tempo para ficar nas redes, ainda que não exista uma regra que sirva para todos. E dá uma segunda dica: “é importante ter cuidado com a leitura dos comentários, pois eles tanto elevam a quanto derrubam a autoimagem das pessoas”.

Fonte: Redação Byte
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