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Por que cães molhados se sacodem para secar? A neurociência explica

Entenda como o cérebro de animais controla o movimento para se livrar da água

8 nov 2024 - 12h51
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Cérebro de animais controla o movimento de se chacoalhar para se livrar da água
Cérebro de animais controla o movimento de se chacoalhar para se livrar da água
Foto: Freepik

Quando um cão se sacode para se livrar da água, a ação é mais do que um simples movimento espontâneo. Esse reflexo instintivo, compartilhado por muitos mamíferos peludos, como ratos, gatos, esquilos e até ursos, envolve um mecanismo neurológico sofisticado, recentemente desvendado por cientistas.

De acordo com um estudo publicado na Science, pesquisadores identificaram o circuito neural que desencadeia esses tremores característicos, conhecido como “tremor de cachorro molhado”, em camundongos. A descoberta pode trazer novas perspectivas sobre o sistema nervoso de várias espécies.

A pele dos mamíferos contém mais de uma dúzia de tipos de neurônios sensoriais especializados, cada um responsável por uma função específica na percepção tátil.

“O sistema de toque é tão complexo e rico que [ele] pode distinguir uma gota de água de um inseto rastejante ou o toque suave de um familiar”, explica Kara Marshall, neurocientista do Baylor College of Medicine em Houston, em entrevista à Nature.

O estudo

No estudo, a equipe liderada por Dawei Zhang focou em receptores de toque ultrassensíveis conhecidos como mecanorreceptores de baixo limiar de fibra C (C-LTMRs).

Em humanos, esses receptores estão ligados a sensações agradáveis, como um abraço suave. Já em camundongos e outros animais, esses receptores alertam sobre a presença de água, sujeira ou parasitas, ativando o reflexo de sacudir.

Para estudar o fenômeno, os pesquisadores aplicaram gotas de óleo de girassol na nuca de camundongos, observando que os animais se sacudiam em menos de dez segundos. Ao modificarem geneticamente alguns dos camundongos para remover a maioria dos C-LTMRs, notaram uma redução de 50% nos tremores.

A equipe então mapeou a trajetória dos sinais dos C-LTMRs pelo sistema nervoso, identificando um caminho que passa pela medula espinhal e pelo núcleo parabraquial, uma área cerebral associada à dor e ao toque.

“O tremor de cachorro molhado é uma resposta motora muito coordenada”, comenta Thomas Knöpfel, neurocientista da Hong Kong Baptist University. Segundo ele, a investigação desse circuito neural oferece uma base para entender como o cérebro comanda movimentos específicos.

Knöpfel ainda aponta à revista Nature que o reflexo pode ser ativado por drogas psicodélicas, estimulando receptores de serotonina, os quais também estão associados a toques prazerosos, o que sugere novas direções para estudos.

Dawei Zhang, que liderou o estudo, acredita que futuras pesquisas podem explorar a possível relação entre os C-LTMRs e condições de hipersensibilidade em humanos, como a síndrome da pele contraída em gatos, que causa espasmos e ondulações na pele.

Fonte: Redação Byte
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