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Por que o iPhone no Brasil é o mais caro do mundo?

Lançamento do iPhone 14 pela Apple provavelmente trará preços altos mais uma vez; impostos e dólar estão entre principais fatores

7 set 2022 - 05h00
(atualizado às 18h08)
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Normalmente o Brasil tem um dos iPhones mais caros — se não o mais caro — do mundo
Normalmente o Brasil tem um dos iPhones mais caros — se não o mais caro — do mundo
Foto: Canaltech

O evento de lançamento dos novos modelos do iPhone 14, da Apple, está programado para esta quarta-feira (7), na Califórnia. A empresa deve anunciar os preços dos celulares nos EUA, o que iniciará expectativas para os preços no Brasil. Até o lançamento do iPhone 13, o Brasil tinha o iPhone mais caro do mundo. Mas por quê?

Os motivos para o alto preço dos telefones da Apple por aqui são antigos. Impostos altos e a flutuação do câmbio do dólar estão entre os grandes vilões, jogando o preço para muito além da realidade brasileira. Mas não param por aí. 

Os novos celulares devem trazer telas de 6,1 polegadas (15,5 cm) a 6,7 polegadas (17 cm). Mais uma vez, a aposta é que o iPhone 14 comece a ser vendido por preços bem salgados: o tradicional, nos EUA, por US$ 799 (ou seja, cerca de R$ 4.400), o Plus por US$ 899 (~R$ 4.900), o Pro por US$ 1.099 (~R$ 6.000), e o Pro Max por US$ 1.199 (~R$ 6.600). 

Em março, a Hellosafe, plataforma de cotação de seguros de diferentes tipos de produtos, apresentou um levantamento com o preço do iPhone 13 em 37 países. O modelo no Brasil tinha o preço mais caro, custando R$ 8.663 em média. Na outra ponta, o mais barato era o da Rússia, por R$ 3.816.

Impostos como ICMS, IPI e COFINS aumentam preço de iPhones e outros celulares no Brasil
Impostos como ICMS, IPI e COFINS aumentam preço de iPhones e outros celulares no Brasil
Foto: Apple / Divulgação

Impostos altos demais no iPhone

A principal razão para explicar os preços altos dos iPhones no Brasil já é um consenso: os impostos são muitos, e bem altos, no país. De acordo com Anderson Costa de Souza, professor de administração e recursos humanos da Fundação Getulio Vargas (FGV), no geral, os celulares são submetidos a dois impostos e duas contribuições. 

Os impostos são o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI federal) e o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços (ICMS estadual). Já as contribuições são as do PIS (Programa de Integração Social) e COFINS (Contribuição para Financiamento da Seguridade Social).

No caso dos celulares importados, como a maioria dos iPhones, ainda incide um terceiro imposto federal: o Imposto de Importação – II, que aumentará a base de cálculo de todos os outros tributos citados anteriormente. 

Uma pesquisa feita no ano passado pelo portal de descontos CupomValido.com.br também mostrou que o Brasil é o país em que os iPhones, iPads, AirPods e Macbooks são os mais caros do mundo. Cerca de 40% do preço de um iPhone, segundo a pesquisa, vai apenas para pagar a carga tributária. Ainda assim, a Apple tem uma fiel parcela de 13% das vendas do mercado, de acordo com pesquisa da Panorama Mobile Time/Opinion Box, de 2021. 

Comparando com outras empresas como Samsung (43%) e Motorola (22%), que têm uma maior participação que a Apple no Brasil, Souza afirma que “certamente um dos fatores que contribui para o número de participação não ser o maior é o preço do produto praticado”. 

Mesmo que o iPhone ainda tenha sofrido uma redução no volume das vendas por conta do preço, os valores são tão altos que o lucro da empresa continua positivo. Para eles, a margem de lucro tem sido muito boa, pois ainda que vendam menos aparelhos, cada um deles dá um rendimento altíssimo. 

Câmbio e dólar alto aumentam valor do celular da Apple 

Há ainda um outro fator que contribui negativamente, que é o câmbio, sobretudo com a alta do dólar. Atualmente, um dólar está equivalente a R$ 5,15. Por isso, a famosa frase “quem converte, não se diverte”. De fato, o preço do iPhone sobe muito com um dólar tão elevado em relação ao real, o que o torna uma compra cobiçada em viagens aos EUA.

iPhone 13 já é montado em uma fábrica da Foxconn em Jundiaí (SP)
iPhone 13 já é montado em uma fábrica da Foxconn em Jundiaí (SP)
Foto: Reprodução

Mesmo montado no Brasil, preço do iPhone continua alto

Já existem iPhones montados em território nacional, como o iPhone 13, por exemplo, em uma fábrica da Foxconn em Jundiaí (SP). Mesmo assim, a Apple não alivia – não houve redução nenhuma nos preços dos aparelhos. Na loja da marca, o celular continua com os mesmos valores anunciados em 2021: entre R$ 7.599 e R$ 10.599.

Isso porque a empresa também tem interesse em se colocar no mercado como uma marca para produtos “premium”. Não há interesse, portanto, em democratizar tanto o acesso. Se os smartphones da Apple são sonhos de consumo, não podem ser tão fáceis de adquirir, certo?

Souza explica que, na teoria, os tributos são os mesmos para todas as empresas do setor, mas existem outras razões que podem influenciar nos valores, como os chamados benefícios fiscais.

"Por exemplo, um dos mais comentados incentivos fiscais do Brasil está relacionado a Zona Franca de Manaus, que pode trazer significativas reduções de carga tributária. Todavia, depende de uma série de requisitos para ser usufruído, devendo, via de regra, ter aprovação da Superintendência da Zona Franca de Manaus [Suframa]”, esclarece o professor. 

Em 2021, o aumento de celulares usados foi de 29%, enquanto que no mundo o aumento registrado foi de 15%
Em 2021, o aumento de celulares usados foi de 29%, enquanto que no mundo o aumento registrado foi de 15%
Foto: Canaltech

Preços altos fazem crescer mercado de usados

Uma saída para muitos amantes do iPhone que não querem pagar preços tão altos é o mercado de usados no Brasil. A consultoria Counterpoint Research mostrou que na América Latina, em 2021, o aumento de celulares usados foi de 29%, enquanto que no mundo o aumento registrado foi de 15%. Nesse mercado, a Apple lidera, seguida pela Samsung.

No site Trocafone, um modelo iPhone 13 Pro de 512 GB estava custando, em 5 de setembro de 2022, R$ 10.649. Um valor bem alto, mas ainda mais barato que no site oficial da Apple, onde custa R$ 12.499. Já no site OLX, há valores mais em conta, comoum iPhone 13 por R$ 4.800 e um 13 Pro Max de 128 GB por R$ 6.099. No entanto, quando as transações são entre o portador do celular e o comprador, há riscos de fraudes.

Fonte: Redação Byte
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