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Por que o Reino Unido voltou a testar maquiagem em animais após 25 anos?

Mais de 80 marcas disseram estar "consternadas" com a nova posição britânica para se alinhar com as regras químicas da União Europeia (UE)

9 mai 2023 - 17h11
(atualizado às 17h14)
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Governo do Reino Unido libera teste em animais para cosméticos após 25 anos de proibição
Governo do Reino Unido libera teste em animais para cosméticos após 25 anos de proibição
Foto: Freepik / Viva Saúde

Após 25 anos de proibição, o governo do Reino Unido voltou a permitir que os animais sejam usados em testes para ingredientes de maquiagem.

O governo mudou a política de testes em animais para se alinhar com as regras químicas da União Europeia (UE), de acordo com uma decisão do Tribunal Superior.

Após um caso ser aberto por ativistas dos direitos dos animais, o Supremo Tribunal disse, na última sexta-feira (5), que o governo estava agindo legalmente. 

Mais de 80 marcas disseram estar "consternadas" com a nova posição do governo.

"Estamos satisfeitos que o Tribunal Superior tenha concordado com a posição do governo neste caso. O governo está comprometido com a proteção dos animais na ciência", disse um porta-voz disse à BBC.

  • Os testes em animais para maquiagem ou seus ingredientes foram completamente proibidos no Reino Unido desde 1998;
  • Os testes só foram permitidos se os benefícios obtidos com a pesquisa superassem qualquer sofrimento animal, como por exemplo, para a elaboração de medicamentos;
  • Porém, em 2020, a Agência Europeia de Produtos Químicos (ECHA), uma agência da UE que supervisiona a regulamentação química, determinou que as empresas precisavam testar alguns ingredientes usados em cosméticos em animais para garantir que fossem seguros para os trabalhadores que fabricam os ingredientes;
  • Foi revelado que desde 2019 o governo britânico emitia licenças para testes em animais de ingredientes cosméticos de acordo com as regras químicas da UE, apesar de o Reino Unido ter deixado o grupo em 2020;
  • Isso pode incluir testar produtos químicos comumente encontrados em bases e corretivos, forçando os ratos a inalá-los ou ingeri-los. Não se sabe quantas dessas licenças foram emitidas ou para quem.

A Cruelty Free International (CFI), que entrou com uma ação judicial, argumentou que isso era ilegal e violava a proibição de testes em animais para maquiagem e seus ingredientes, que vigora desde 1998.

Thomas Linden, juiz da alta corte britânica, decidiu a favor do governo, dizendo que a mudança na política ainda atendeu às leis existentes. Mas disse que era "lamentável" o público não ter sido informado.

Empresas dizem não concordar

A mudança na posição do governo foi duramente criticada por grandes marcas de beleza e cosméticos, incluindo Unilever, Body Shop e Boots. A maioria das grandes marcas há muito faz campanha para acabar com os testes em animais.

A Cruelty Free International disse que é "ultrajante" que o governo tenha efetivamente suspendido a proibição.

Christopher Davis, diretor de ativismo e sustentabilidade da Body Shop disse que faria uma "campanha vigorosa" contra as mudanças.

"Permitir testes em animais para cosméticos seria um golpe devastador para milhões de pessoas que apoiaram campanhas para acabar com essa prática terrível", disse ele à BBC após a decisão.

A CEO da Cruelty Free International, Michelle Thew, disse: “O caso mostra claramente que [o governo] estava priorizando os interesses das empresas de testes contratados sobre os dos animais e os desejos da grande maioria dos britânicos que se opõem fortemente aos testes de cosméticos”.

O CFI disse que apelaria da decisão tomada pelo tribunal e pediria ao governo que restabelecesse a proibição total no Reino Unido.

Julia Fentem, chefe do centro de segurança e garantia ambiental da Unilever — uma das maiores empresas de cosméticos do mundo — disse que os testes potencialmente exigidos pela nova política eram "desnecessários" e que os testes de segurança poderiam ser realizados sem o envolvimento de animais.

Fonte: Redação Byte
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