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Por que pessoas com problemas cardíacos têm dificuldade para dormir?

Cientistas desvendaram o sistema que causa problemas para dormir em pacientes cardíacos

21 jul 2023 - 17h10
(atualizado às 17h42)
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Uma ligação direta foi encontrada entre pacientes com problemas cardíacos e distúrbios do sono. A ciência já sabia que doenças do coração causavam problemas na hora de dormir, mas os mecanismos por trás dessa associação eram desconhecidos — sendo revelados agora em uma análise de tecidos humanos e de camundongos, publicada na última quinta-feira (20) no periódico científico Science.

Foto: amenic181/Envato / Canaltech

De acordo com a pesquisa, doenças cardíacas podem atrapalhar a produção de melatonina no cérebro, o hormônio do sono, ao afetar um grupo de nervos que se ligam a ambos os órgãos. Esse grupo é chamado de gânglio cervical superior (GCS), fica localizado no pescoço e faz parte do sistema nervoso autônomo, que regula os processos involuntários do corpo, como respiração e batimentos cardíacos.

A ligação entre insônia e outros problemas do sono com distúrbios cardíacos já era conhecida, mas os cientistas não sabiam quais processos biológicos levavam a isso — até agora (Imagem: Rido81/Envato)
A ligação entre insônia e outros problemas do sono com distúrbios cardíacos já era conhecida, mas os cientistas não sabiam quais processos biológicos levavam a isso — até agora (Imagem: Rido81/Envato)
Foto: Canaltech

Como os nervos do GCS se ligam tanto ao coração quanto à glândula pineal, estrutura do cérebro que produz a melatonina, distúrbios cardíacos podem explicar falhas na produção da substância, que induz ao sono quando é liberada mediante exposição ao escuro.

Coração, cérebro e sono

Para facilitar a visualização, o autor principal da pesquisa, Stefan Engelhardt, compara o sistema a uma caixa de distribuição elétrica: um problema em um fio pode acabar causando um incêndio, que por sua vez se espalha para outro fio. É mais ou menos assim que um problema no coração acaba afetando a glândula pineal e o sono. Com a descoberta, novas estratégias terapêuticas poderão ser feitas para tratar insônia e outros distúrbios do sono causados pelo coração e o GCS.

Distúrbios do sono são efeitos adversos comuns de problemas no coração. Cerca de 73% das pessoas com falência cardíaca, por exemplo, apresentam problemas para dormir. No passado, pesquisas já haviam mostrado níveis reduzidos de melatonina em pacientes cardíacos, embora ainda não se soubesse o mecanismo que causava isso.

Os nervos do gânglio cervical superior, responsável por regular as funções involuntárias do corpo, estão diretamente ligados ao coração e ao cérebro, gerando o problema conjunto aos cardíacos (Imagem: iLexx/envato)
Os nervos do gânglio cervical superior, responsável por regular as funções involuntárias do corpo, estão diretamente ligados ao coração e ao cérebro, gerando o problema conjunto aos cardíacos (Imagem: iLexx/envato)
Foto: Canaltech

Para descobrir a ligação, foram analisadas amostras de tecido cerebral de pacientes já falecidos e de pessoas com problemas cardíacos. Isso revelou um número menor de fibras nervosas, ou áxons, no GCS de cardíacos em comparação aos que tinham coração saudável. O GCS do grupo com distúrbios do coração também era maior e apresentava diversas cicatrizes.

Em experimentos adicionais com camundongos, descobriu-se que células imunes conhecidas como macrófagos — que "engolem" células mortas e danificadas — estavam presentes no gânglio cervical dos roedores com doenças cardíacas, e seus nervos também mostravam sinais de inflamação e cicatrização. Também havia menos áxons presentes em suas glândulas pineais e menos melatonina no sangue do que em camundongos saudáveis.

Outro ponto importante nos animais é que seus ritmos circadianos, ou seja, os processos regulatórios de dia e noite no corpo, estavam perturbados, como mostrado pelas suas taxas metabólicas e níveis de atividade. Quando receberam doses de melatonina, os camundongos tiveram essas perturbações totalmente revertidas, e, quando medicamentos foram usados para destruir os macrófagos de seus GCSs, os níveis de melatonina também foram restaurados.

Com a descoberta, novas intervenções terapêuticas serão possíveis, usando melatonina, por exemplo, o que evita remédios para dormir mais potentes e com efeitos adversos indesejados (Imagem: Annie Spratt/Unsplash)
Com a descoberta, novas intervenções terapêuticas serão possíveis, usando melatonina, por exemplo, o que evita remédios para dormir mais potentes e com efeitos adversos indesejados (Imagem: Annie Spratt/Unsplash)
Foto: Canaltech

Como a pesquisa foi realizada apenas em camundongos e em 16 seres humanos, estudos mais profundos terão de ser feitos para descobrir como as células imunes acabam chegando ao GCS. Os autores já planejam investigar as células nervosas que ligam o coração à medula espinhal, bem como as citocinas, proteínas mensageiras que chamam os macrófagos à ação.

Mesmo assim, a descoberta já representa boas notícias para os cardíacos, que poderão ter tratamentos mais específicos e bem-sucedidos, usando melatonina, por exemplo, sem ter de lidar com efeitos adversos de outros remédios que tratam o sono.

Fonte: Science/Heart Disease

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