Por que tubarão matou um homem no Egito? Conheça a espécie
Um cidadão russo foi morto em um ataque de tubarão perto de uma praia no resort egípcio de Hurghada, no Mar Vermelho
Um cidadão russo foi morto em um ataque de tubarão em uma praia no Mar Vermelho na última quinta-feira (8). Logo em seguida, o Ministério do Meio Ambiente do Egito disse, em comunicado publicado no Facebook, que um tubarão-tigre foi o responsável pela morte.
Também conhecido como Galeocerdo cuvier, tubarões-tigre podem atingir até 5 metros de comprimento. A espécie é conhecida coloração única de listras distintas, uma mandíbula poderosa e uma reputação de predador nato.
O que levou ao ataque?
Em vídeos que circulam nas redes sociais, é possível ver o ataque em um nível de detalhe sem precedentes. São diversas investidas contra o turista, que tenta fugir sem sucesso do tubarão que o rodeia.
"O que se observou neste incidente em particular, como já foi observado raríssimas vezes na Austrália e até no Brasil, é a predação, o que significa que o tubarão foi para atacar a vítima e matá-la", diz Nathalie Gil, presidente da ONG Sea Shepherd Brasil.
A especialista cita que este é o tipo mais raro de incidente, já que, na grande maioria das vezes, os tubarões param de atacar assim que percebem que se trata de um humano, que não é uma presa natural.
Um levantamento do Museu da Flórida mostra que somente 24 incidentes com tubarões foram registrados na área desde 1828.
"Na maioria das vezes, eles acham que é leão marinho, foca, principalmente em águas turvas e momentos de baixa visibilidade, e mordem em uma atitude de veriricar o que é a presa. Quando eles vêem que não é, saem", diz.
"Incidentes com tubarões representam um comportamento extremamente atípico e quando tem comportamento de predação, é comumente influenciado pela atividade humana na região. Isto não é um comportamento normal do animal, e esse incidente não significa que ele deve ser temido, mas respeitado".
No caso do Egito, a especialista acredita que pode haver um grande desequilibrio do ecossistema local.
"Avanço urbano nas costas, resíduo nas águas, derramamento de esgoto, tudo isso influencia e pode estar afetando. Também pode ser a associação que o tubarão cria a humanos e alimento, como o que ocorre em áreas de mergulho em que áreas de turismo dão alimento aos animais", comenta.
Uma outra hipótese é a o incidente está relacionado às semanas que antecedem o Eid-al-Adha, um festival muçulmano em que milhões de animais são consumidos. Durante o transporte destes animais vivos pelo canal de Suez, que liga o Mar Vermelho ao Mediterrâneo, é comum embarcações jogarem no mar os que não sobrevivem à travessia.
Tubarões rodeiam à procura de alimento fácil e podem confundir um humano a estes animais que não fazem parte de sua dieta comum, mas que são abundantes na época.
Cláudio Sampaio, professor dos cursos de Engenharia de Pesca e Biologia da UFAL Penedo e conselheiro da Sociedade Brasileira para o Estudos de Elasmobrânquios (SBEEL), também acredita na interferência da atividade humana como a principal razão. Incidentes como esse também podem ser explicados pela pesca excessiva de peixes — alimento natural dos tubarões — a degradação dos recifes e a poluição.
"Devido ao grande número de turistas, associados a muitas atividades aquáticas (banho de mar, mergulho etc.), os encontros entre humanos e tubarões potencialmente perigosos — animais de grande porte, hábito alimentar generalista e costeiro — são facilitados", explica.
"Se você observar um grande peixe durante suas atividades aquáticas, sugere-se fortemente que saia calmamente da água, sem pânico", orienta o especialista.