Powerbeats Pro é boa opção de fone para quem faz atividade física
Irmão 'mais novo' dos AirPods, acessório da Beats tem bom desempenho e som que se destaca na categoria dos earbuds, os fones de ouvido sem fio que viraram moda nos últimos anos
A essa altura do campeonato, a moda dos fones de ouvido sem fio está sedimentada - em boa parte, graças ao empurrão que os AirPods, da Apple, deram para a categoria. Inúmeras marcas seguiram a tendência, incluindo as rivais Samsung, Huawei e Xiaomi. E o frisson pelo segmento é tão grande que até mesmo a própria Apple lançou um rival pros AirPods. Ou quase: desde 2014, a fabricante do iPhone é dona da marca Beats, que se tornou famosa pelos 'fonões' de cabeça usados por jogadores de futebol. Agora, a empresa fundada por Steve Jobs também colocou a Beats pra jogo no mundo dos foninhos.
Em dezembro, a Apple lançou por aqui os AirPods 2 por R$ 2.250. Antes disso, em abril de 2019, o Powerbeats Pro deu as caras por aqui por R$ 2.150. Com preços tão parecidos e até um chip para reconhecimento de voz igual, é possível encontrar algo único a respeito dos Powerbeats e ignorar o fone 'principal' da empresa? Bom, passamos muito tempo com o Powerbeats e a conclusão é que sim. Spoiler: se você é turma fitness, vai que é sua!
Bateria poderosa
Um dos pontos principais para qualquer fone sem fio, a bateria do Pro se destaca. A Beats fala em até 9 horas de autonomia - e a promessa foi cumprida em nossos testes. No primeiro deles, passamos 6 horas e 40 minutos ao longo de um dia inteiro escutando música e jogando. E eles chegaram ao fim da jornada com 42% (orelha direita) e 30% (orelha esquerda). O que mais surpreendeu foi que, nas primeiras 3 horas de execução de música sem pausa alguma, apenas 25% da bateria foi consumida.
Em nosso segundo dia, mais de 7 horas, incluindo três horas seguidas jogando, foram insuficientes para secar a carga. Se a ideia é passar ainda mais tempo com o Pro em funcionamento, a Beats promete 24 horas de autonomia com a carga fornecida pelo estojo que acompanha os fones. A alimentação extra é, além de tudo, rápida: em 50 minutos, ele carregou o par que estava completamente sem carga.
A desvantagem é que para oferecer tanta carga, o estojo é volumoso. Não é possível transportá-lo em qualquer bolso, principalmente nos menores - o mais recomendável, portanto, é que ele fique numa bolsa.
Para recarregar a bateria do estojo, e dos fones, é preciso conectá-lo a um cabo Lightning/USB - é uma solução que a Apple deixa claro para demonstrar que é dona da Beats. Um cabo desses acompanha o estojo, mas para quem tem o celular Android vira uma pequena desvantagem. Isso implica carregar mais um cabo, além do carregador de celular, caso o usuário queira eliminar qualquer possibilidade de ficar sem bateria. E é bom deixar claro: não é possível abrigar o cabo dentro do estojo - lá só há espaço para os fones, pois é também onde são recarregados.
Design e conforto: não é para toda orelha
Ao contrário de vários modelos in-ear, que se encaixam apenas na parte interna da orelha, o Powerbeats Pro tem uma haste de silicone que passa por trás da orelha. Esse 'abraço' garante uma fixação mais firme do aparelho, além de permitir um encaixe mais profundo do alto-falante no canal auditivo. A transição entre a haste e a parte da carcaça que abriga os componentes passa invisível pelos olhos. É quase uma peça única com um design que não deixa aquele aspecto de que tem um cigarro pendurado na sua orelha, como acontece com os AirPods.
Num mundo pré-pandemia, testamos o Powerbeats Pro em diferentes situações de exercícios de academia e ele permaneceu firme mesmo quando a gravidade jogava bastante contra. Isso, porém, nem sempre garante conforto. Depois de cerca de 40 minutos, as orelhas passaram a doer nas áreas de contato com a haste e com a região da borrachinha do canal auditivo.
Pode ser uma falha de design das minhas orelhas? Certamente. O incômodo não passou mesmo após semanas de uso. Testei novos tamanhos da borrachinha no canal auditivo para tentar aliviar parte do problema - no conjunto, são oferecidos quatro tamanhos diferentes, mas eu já havia encontrado aquele que é supostamente ideal. Conclusão: descobri que 'couro de orelha' não laceia e prefiro hastes de silicone mais macias, como as utilizadas por marcas como a Bose.
Som
Fones do tipo in-ear, que se acomodam dentro da orelha, costumeiramente perdem qualidade nas frequências graves - para não dizer que na maioria das vezes o som é raquítico. Por outro lado, a Beats é reconhecida pelo gravão de seus produtos. Era de se imaginar, portanto, que a marca dedicaria atenção a esse quesito no Powerbeats.
O resultado é misto. De fato, a empresa consegue trazer um bom desenho para as faixas mais graves - o que elimina a síndrome do foninho vagabundo. Porém, o trabalho afeta as frequências médias, tirando desenho delas e dando a impressão de que as músicas ficam achatadas, sem brilho. O acessório levanta algumas frequências altas, mas isso é insuficiente para dar mais brilho ao som.
Para alguns estilos de música pop, o caldo de graves com pequenos toques de agudo é suficiente e não afeta a experiência. Agora, para os nerds do áudio, a qualidade pode decepcionar um pouco ainda que, vale lembrar, a gente esteja falando de um fone in-ear.
Em relação ao cancelamento de ruído, os Powerbeats não tem o recurso como os AirPods 2, o que, talvez, se reflita na pequena diferença de preço. Dado o encaixe do aparelho com a orelha, a potência dos falantes e a equalização de áudio, não senti falta do recurso - lembrando que testei o dispositivo numa academia cheia bem antes da covid-19 determinar o seu fechamento (isso significa que tinha bastante barulho no ambiente!).
Emparelhamento e recursos agradam
A linha que divide os Beats dos AirPods é muito tênue- afinal, são acessórios irmãos. Assim como os fones que levam o nome da Apple, o Powerbeats permite alguns comandos físicos no próprio dispositivo. Um toque no 'b' pausa o áudio; dois toques pulam a faixa e três volta toques voltam a música. Isso os AirPods também fazem.
O que os fones 'titulares' da Apple não têm são botões físicos de volume no corpo do aparelho - cada uma das unidades do par tem o recurso. Isso garante mais agilidade ao Powerbeats. Os fones também estão recheados de sensores que funcionam muito bem.
Se você está com eles nas orelhas e tira apenas uma unidade, o Powerbeats pausa a execução de áudio e corta a conexão com o aparelho (mas não esqueça de desativar o Bluetooth do celular, se não quiser que ele gaste energia à toa). O inverso também acontece. O conjunto de sensores determina também quando os fones entram no estado de hibernação até a próxima vez que será utilizado - ele não tem um botão de liga/desliga.
O funcionamento com o iPhone, claro, é mais suave desde o primeiro instante. Ao abrir o estojo, o telefone já identifica e conecta os fones. Para ver o índice de bateria tanto dos fones quanto do estojo, é só posicionar os fones no estojo aberto e ir à tela de buscas do iPhone, deslizando o dedo na tela home da esquerda para a direita. No Android, é necessário instalar um app da Beats.
A conexão com o Android também não é imediata. Nos nossos testes, precisamos abrir o menu de Bluetooth do celular e apertar três vezes o botão de buscar para que os fones fossem identificados. Tanto no caso do pareamento quanto no do nível de bateria, não é nada que estrague a experiência. Mas é, sim, mais fácil com o celular da empresa mãe.
E aí, vale a pena?
O Powerbeats parece ser o fone sem fio ideal para quem frequenta academias ou faz exercícios - nesse quesito, ele certamente supera os AirPods. Sua fixação na orelha é boa, a qualidade sonora atende a maioria dos que não são nerds do áudio e bateria não vai deixar na mão. Os botões físicos garantem agilidade e o funcionamento com qualquer celular, seja Apple ou Android, é suave - ainda que o tratamento dado para a empresa mãe seja ainda melhor.
Ele deixa, porém, de ser confortável após um curto tempo de uso, e não seria o acessório desejado para passar o dia de trabalho com ele orelha ou para realizar uma viagem - até porque o cancelamento de ruído pode ser uma arma importante no avião. Nesse caso, há outros modelos que podem cumprir esse papel, incluindo os próprios AirPods.