Precisamos beber oito copos d'água por dia? Não é bem assim
Estudo analisou 5.600 pessoas de 26 países e concluiu que não existe "número mágico" para a ingestão de água; quantidade muda em cada pessoa
Um estudo publicado na revista Science mediu o consumo de água no corpo de mais de 5.600 pessoas. Assim, a equipe refutou a ideia de que precisamos beber oito copos (ou qualquer quantidade delimitada) de água por dia. Em vez disso, descobriram que a necessidade de água em diferentes organismos varia de acordo com uma série de fatores.
A pesquisa analisou indivíduos de mais de 26 países, com idades entre oito dias e 96 anos. As médias diárias de consumo em cada corpo variaram de um a seis litros por dia para diferentes idades, gasto de energia, sexo e porte físico, além de fatores ambientais como temperatura, umidade e altitude de cidades dos participantes.
“A ciência nunca apoiou a velha ideia dos oito copos como uma diretriz apropriada, até porque isso confunde a rotatividade total de água no organismo com a água que vem somente das bebidas. Muito da sua água vem dos alimentos que você come”, diz Dale Schoeller, um dos autores do estudo.
Até o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), indicador que combina expectativa de vida, escolaridade e fatores econômicos de países, também foi analisado como variável.
“Pessoas em países com IDH baixo têm maior probabilidade de viver em áreas com temperaturas médias mais altas, mais probabilidade de realizar trabalho braçal e menos probabilidade de estar dentro de um edifício climatizado durante o dia”, explica o cientista.
Para acompanhar a ingestão e eliminação de água nos voluntários, os cientistas usaram uma água contendo isótopos, átomos de um elemento químico que têm pesos atômicos ligeiramente diferentes. Isso os torna facilmente identificáveis de outros átomos do mesmo elemento em uma amostra.
Com isótopos de hidrogênio e oxigênio, a pesquisa conseguiu rastrear e medir quanto tempo a água levou para se mover através dos corpos dos participantes do estudo.
"Se você medir a taxa em que uma pessoa está eliminando esses isótopos através da urina ao longo de uma semana, o isótopo de hidrogênio pode dizer quanta água eles estão substituindo e a eliminação do isótopo de oxigênio pode nos dizer quantas calorias eles estão queimando", diz Schoeller.
O volume de renovação de água nos organismos atingiu o pico para o sexo masculino durante os 20 anos, enquanto mulheres tiveram uma estabilidade entre os 20 e 55 anos. Os recém-nascidos tiveram a maior taxa do estudo, repondo cerca de 28% de toda a água de seus corpos todos os dias.
O nível de atividade física e o porte atlético foram as características que mais aparentaram influenciar no nível de renovação hídrica, seguidos por sexo, IDH e idade.
Um homem de 20 anos, não atleta, de atividade física média, pesando 70 kg, vivendo ao nível do mar em um países bem desenvolvido, com uma temperatura média de 10ºC e umidade relativa de 50% absorveria cerca de 3,2 litros de água todos os dias. Uma mulher nas mesmas condições consumiria 2,7 litros.
Os pesquisadores também descobriram que dobrar a energia que uma pessoa gasta durante o dia aumenta o volume diário de água em cerca de um litro, enquanto 50 quilos a mais de peso corporal adicionam cerca de 700 mililitros. Um aumento de 50% na umidade do ar aumentou o consumo em 300 mililitros, e atletas usam até um litro de água a mais do que os sedentários.