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Prêmio Nobel de física vai para pioneiros do aprendizado de máquina

8 out 2024 - 11h55
(atualizado às 14h52)
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O cientista norte-americano John Hopfield e o britânico-canadense Geoffrey Hinton ganharam o Prêmio Nobel de Física de 2024 por descobertas e invenções que lançaram as bases para o aprendizado de máquina, informou o órgão que concede o prêmio na terça-feira.

Hinton foi amplamente creditado como o padrinho da inteligência artificial e ganhou as manchetes quando deixou seu emprego no Google ano passado para poder falar mais facilmente sobre os perigos da tecnologia que ele havia desenvolvido.

"Não temos experiência de como é ter coisas mais inteligentes do que nós", disse Hinton por telefone na coletiva de imprensa do Nobel, falando de um hotel na Califórnia.

"Vai ser maravilhoso em muitos aspectos, em áreas como assistência médica", disse Hinton. "Mas também temos que nos preocupar com uma série de possíveis consequências ruins. Particularmente a ameaça dessas coisas saírem do controle."

Hopfield, 91, professor emérito da Universidade de Princeton, criou uma memória associativa que pode armazenar e reconstruir imagens e outros tipos de padrões em dados, disse a Real Academia Sueca de Ciências, que concede o prêmio.

"Os dois ganhadores do Prêmio Nobel de Física deste ano usaram ferramentas da física para desenvolver métodos que são a base do poderoso aprendizado de máquina de hoje", disse a academia em um comunicado.

"O aprendizado de máquina baseado em redes neurais artificiais está atualmente revolucionando a ciência, a engenharia e a vida cotidiana."

O prêmio vem com uma quantia de 11 milhões de coroas suecas(US$ 1,1 milhão) que é compartilhado pelos dois vencedores.

O britânico Hinton, 76, agora professor emérito da Universidade de Toronto, inventou um método que pode encontrar propriedades em dados de forma autônoma e realizar tarefas como identificar elementos específicos em imagens, acrescentou a academia.

Embora tenha deixado o Google em 2023 após perceber que os computadores poderiam se tornar mais inteligentes que as pessoas muito antes do que ele e outros especialistas esperavam, Hinton disse que a própria empresa agiu com muita responsabilidade.

Hinton também disse que se arrependeu de algumas de suas pesquisas, mas que agiu com base nas informações que tinha na época.

"Nas mesmas circunstâncias, eu faria o mesmo novamente", ele disse na conferência de imprensa do Nobel. "Mas estou preocupado que a consequência geral disso possa ser sistemas mais inteligentes do que nós que eventualmente assumam o controle."

INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL

Questionada sobre as preocupações em torno do aprendizado de máquina e outras formas de inteligência artificial, Ellen Moons, presidente do Comitê Nobel de Física, disse: "Embora o aprendizado de máquina tenha enormes benefícios, seu rápido desenvolvimento também levantou preocupações sobre nosso futuro.

"Coletivamente, os humanos têm a responsabilidade de usar essa nova tecnologia de forma segura e ética, para o maior benefício da humanidade."

Amplamente considerado o prêmio de maior prestígio para físicos em todo o mundo, o prêmio foi criado, juntamente com prêmios por realizações em ciência, literatura e paz, no testamento de Alfred Nobel (link).

Os prêmios foram concedidos com algumas interrupções desde 1901, embora a homenagem ao Nobel de Economia seja uma adição posterior em memória do empresário e filantropo sueco, que fez fortuna com sua invenção da dinamite.

Fora as escolhas, às vezes controversas, para paz e literatura, a física geralmente faz o maior sucesso entre os prêmios, com a lista de vencedores anteriores incluindo superestrelas da ciência como Albert Einstein, Niels Bohr e Enrico Fermi.

O prêmio de física do ano passado foi concedido a Pierre Agostini, Ferenc Krausz e Anne L'Huillier (link) por seu trabalho na criação de pulsos de luz ultracurtos que podem fornecer um instantâneo das mudanças dentro dos átomos, potencialmente melhorando a detecção de doenças.

Física é o segundo Nobel a ser concedido esta semana, depois dos cientistas americanos Victor Ambros e Gary Ruvkun (link) ganharam o prêmio de medicina pela descoberta do microRNA e seu papel na regulação genética, esclarecendo como as células se especializam.

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