Prêmio Nobel de Medicina 2023: o que é o mRNA, tecnologia que rendeu o título
Cientistas foram reconhecidos pelo desenvolvimento de vacinas mRNA contra o coronavírus
2 out
2023
- 11h07
(atualizado às 15h12)
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A pesquisadora húngara Katalin Kariko e americano Drew Weissman foram anunciados nesta segunda-feira (2) como os vencedores da edição 2023 do Prêmio Nobel de Medicina por seu trabalho no desenvolvimento de vacinas mRNA contra a covid-19.
- Mas o que especificamente fez a dupla e como funciona essa tecnologia? O mRNA, ou RNA mensageiro, é uma molécula crucial no processo de produção de novas proteínas com base em um DNA original;
- Ao contrário das vacinas tradicionais, que muitas vezes utilizam uma forma enfraquecida ou inativada do vírus da doença, as vacinas de mRNA contêm apenas as instruções moleculares para criar a proteína certa para o corpo aprender a combater o SARS-CoV-2, conhecida como proteína de espícula;
- O mRNA é introduzido no corpo pela vacina encapsulado em minúsculas partículas de gordura. Essas partículas protegem o mRNA e facilitam sua entrada nas células humanas;
- No corpo, os ribossomos, máquinas de produção de proteínas na célula, "lêem" a sequência de nucleotídeos no mRNA e traduzem essa informação em uma sequência de aminoácidos, que são então ligados juntos para formar a proteína de espícula;
- Com a produção da proteína de espícula a partir do RNA, o sistema imunológico identifica essa pequena parte do SARS-CoV-2 — que não é, por si só, infecciosa — como um invasor e desencadeia uma resposta imunológica;
- Com a exposição à proteína de espícula, o sistema imunológico fica preparado para reconhecer e combater o vírus real no futuro, caso o indivíduo seja exposto ao SARS-CoV-2;
- Em suas pesquisas na Universidade da Pensilvânia, nos EUA, Karikó e Weissman conseguiram desenvolver RNAs mensageiros in vitro que praticamente não geravam resposta inflamatória nas células, o que abriu caminho para o uso dessa técnica na medicina;
- Seu primeiro trabalho sobre o tema foi publicado em 2005. Anos depois, eles também descobriram que um mRNA gerado com modificações em suas bases também aumentava a produção de proteínas em comparação com um mRNA não alterado;
- A partir disso, diversas empresas começaram a trabalhar na criação de vacinas de mRNA, mas elas só se tornariam realidade em larga escala em dezembro de 2020, quando dois imunizantes desenvolvidos em tempo recorde — Biontech/Pfizer e Moderna — entraram em campo com eficácia de 95% para combater a covid-19;
- "Através de suas descobertas, Karikó e Weissman eliminaram obstáculos críticos no caminho para as aplicações clínicas do mRNA", diz o Instituto Karolinska.
Fonte: Redação Byte