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Prevenção da AIDS | Remédio injetável protege mulheres do HIV

Em estudo com 5 mil mulheres, a injeção de lenacapavir teve taxa de eficácia de 100% em impedir novas infecções pelo HIV; remédio pode ser nova forma de PrEP

25 jun 2024 - 00h36
(atualizado às 04h09)
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Para impedir novas infecções HIV, a profilaxia pré-exposição (PrEP) é uma das estratégias que tem ganhado popularidade nos últimos anos, além do uso de preservativos. Entretanto, esse tipo de estratégia é feita quase sempre com comprimidos orais e diários, mas, agora, um novo estudo mostra a eficácia de injeções semestrais que impedem a AIDS, através do remédio lenacapavir, em mulheres.

Foto: Jcomp/Freepik / Canaltech

O remédio lenacapavir, da farmacêutica Gilead Sciences, é um "antigo" antiviral conhecido pela ciência. O inibidor da função do capsídeo do HIV-1 já é prescrito para mulheres e homens que convivem com o vírus da Aids.

O novo estudo valida o uso, quando aplicado a partir de injeções subcutâneas, em mulheres que não têm o vírus. Nesses casos, a taxa de proteção foi calculada em 100% durante seis meses, segundo estudo clínico de Fase 3. Até o momento, os dados não foram publicados em uma revista científica. 

"Com zero infecções e 100% de eficácia, o lenacapavir semestral demonstrou o seu potencial como uma nova ferramenta importante para ajudar a prevenir infecções por HIV", reforça Merdad Parsey, diretor médico da farmacêutica, em nota.

Injeção semestral do remédio lenacapavir impede infecção pelo HIV em mulheres (Imagem: National Cancer Institute/Unsplash)
Injeção semestral do remédio lenacapavir impede infecção pelo HIV em mulheres (Imagem: National Cancer Institute/Unsplash)
Foto: Canaltech

Aqui, vale destacar que o uso de injeções que protegem contra o HIV não é algo inteiramente novo nos esforços globais de eliminação da AIDS. O remédio cabotegravir, da GSK, tem modo de uso similar e já foi aprovado para uso pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

Estudo da AIDS em mulheres

Apelidado de PURPOSE 1, o estudo clínico que avaliou a eficácia do medicamento lenacapavir é duplo-cego e randomizado. E os resultados divulgados são da terceira e última fase da pesquisa, o que indicam um alto grau de confiança.  

Na pesquisa feita exclusivamente com mulheres, os pesquisadores recrutaram 5,3 mil voluntárias sem resultado positivo para o HIV e que tinham entre 16 e 25 anos. Todas eram cisgênero e viviam na África do Sul ou em Uganda — o continente africano é conhecido por ter altas taxas de infecção do vírus entre as mulheres.

Ao longo do estudo, foram comparados os resultados de três tipos de PrEP:

  • Injeção semestral de lenacapavir;
  • Comprimido diário Descovy (emtricitabina e tenofovir);
  • Comprimido diário Truvada (emtricitabina e tenofovir).

No grupo que recebeu a injeção de 2,1 mil mulheres, nenhuma contraiu o vírus do HIV durante o estudo. No caso da Truvada, foram 16 casos entre mil mulheres. No grupo Descovy, foram 39 casos entre 2,1 mil mulheres.

Os resultados não apontam necessariamente que os comprimidos diários são ineficazes, já que diferentes fatores podem explicar as infecções. É o caso de mulheres que não tomaram o medicamento regularmente, oque reduz a proteção. Por isso, estudos complementares serão realizados ainda. No entanto, o melhor achado é de que a injeção é altamente protetora e eficaz.

Injeção semestral contra HIV

"O lenacapavir semestral para a PrEP, se aprovado, poderá fornecer uma nova opção para a prevenção do HIV que se adapta às vidas de muitas pessoas que poderiam beneficiar da PrEP em todo o mundo — especialmente mulheres cisgénero", afirma Linda-Gail Bekker, autora da pesquisa e pesquisadora da Universidade da Cidade do Cabo (África do Sul), em nota.

"Embora saibamos que as opções tradicionais de prevenção do HIV são altamente eficazes quando tomadas conforme prescrito, o lenacapavir semestral como PrEP pode ajudar a resolver o estigma e a discriminação que algumas pessoas podem enfrentar ao tomar ou armazenar comprimidos orais", complementa.

Fonte: Gilead Sciences  

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