Primeiro ancestral dos escorpiões e das aranhas é achado na África
Mistério do início da paleontologia foi solucionado por acaso ao descrever fóssil de artrópode marroquino — é o ancestral mais antigo dos quelicerados
Um estudo em fósseis de sítio arqueológico africano revelou o ancestral das aranhas, escorpiões e caranguejos-ferradura, resolvendo um mistério paleontológico que durou décadas, basicamente toda a existência da ciência dos animais do passado. O trabalho foi um esforço conjunto entre a Universidade de Lausanne, na Suíça, e o Centro Nacional de Pesquisa Científica da França (CNRS).
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Tanto os caranguejos-ferradura quanto os escorpiões e aranhas são da linhagem dos artrópodes, que surgiu em nosso planeta há cerca de 540 milhões de anos. Todos fazem parte de um subgrupo famoso pelas criaturas com pinças usadas para morder, agarrar presas ou injetar veneno — as quelíceras, que lhes dão o nome de quelicerados (Chelicerata). Seus ancestrais eram, até então, desconhecidos.
O elo perdido dos quelicerados
O mistério dos ancestrais dos quelicerados ocupava a mente de paleontólogos há muito tempo, já que não havia nenhum artrópode antigo semelhante o suficiente aos representantes modernos para indicar uma ancestralidade. O período entre 505 e 430 milhões de anos atrás, em especial, era ausente em fósseis, complicando a questão.
É aí que entra Lorenzo Lustri, estudante de doutorado da Universidade de Lausanne, que estudava fósseis de 478 milhões de anos do Folhelho Fezouata, no Marrocos. Os restos foram achados na região no início dos anos 2000, mas alguns não haviam sido descritos ainda. Lustri estava descrevendo um deles, datado do Período Cambriano, e se surpreendeu quando notou suas características.
Medindo entre 5 e 10 milímetros de comprimento, a espécie ganhou o nome científico de Setapedites abundantis, e foi descrita a partir de 100 exemplares estudados com scanners de raios-X, permitindo elaboração de modelos 3D anatômicos completos.
Embora a semelhança seja o suficiente para demonstrar a ancestralidade, estudos mais profundos serão necessários para estabelecer uma ligação mais sólida e entender a evolução dos quelicerados no início dos tempos.
Fonte: Nature Communications
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