Primeiro "bebê de proveta" faz 45 anos: como funciona a técnica?
A fertilização in vitro é uma técnica de reprodução assistida que permite a fecundação do óvulo por um espermatozoide em laboratório
O aniversário da inglesa Louise Joy Brown, que completa 45 anos nesta quarta-feira (25), é uma data marcante para a ciência. Isso porque neste mesmo dia do ano, em 1978, ela vinha ao mundo como o primeiro ser humano na história a ser concebido in vitro — chamado popularmente de "bebê de proveta".
Lesley e John Brown, pais de Louise, tentaram ter um filho por mais de nove anos, mas uma obstrução nas trompas uterinas de Lesley impedia a fertilização. Eles buscaram a ajuda de Robert Edwards e Patrick Steptoe, pesquisadores que estavam desenvolvendo novos métodos de fertilização na época.
Depois de várias tentativas, Lesley engravidou de Louise em dezembro de 1977. A menina nasceu saudável por cesariana, às 23h47 no horário local, e hoje leva uma vida discreta, evitando a atenção da mídia. No entanto, seu nascimento causou uma verdadeira revolução nos métodos de fertilização.
Como funciona?
O processo de concepção por fertilização in vitro é uma técnica de reprodução assistida que permite a fecundação do óvulo por um espermatozoide em laboratório. A área avançou muito desde o procedimento de Louise, tornando todo o processo mais eficaz e menos invasivo a quem carregará o bebê. Veja abaixo os principais pontos.
Estimulação ovariana
O primeiro estágio da fertilização in vitro é a indução da ovulação. É feito um tratamento hormonal para estimular os ovários a produzirem múltiplos óvulos em vez de apenas um, como ocorre normalmente durante o ciclo menstrual. A etapa dura de 10 a 12 dias.
Monitoramento
Durante todo o processo, é realizado o monitoramento do desenvolvimento dos folículos ovarianos, pequenas estruturas dentro do ovário que carregam os óvulos, por meio de ultrassonografias e testes hormonais.
Aspiração dos óvulos
Quando os folículos estão maduros, é realizada uma aspiração, por meio de uma agulha transvaginal, para coletar os óvulos individualmente. O procedimento é feito em clínicas especializadas e a pessoa submetida a ele passa por anestesia e algum tipo de sedação.
Coleta do sêmen
O sêmen é obtido através da ejaculação do parceiro ou de um doador.
Fertilização in vitro
Em laboratório, os óvulos e os espermatozoides são colocados em um ambiente controlado para ocorrer a fecundação. Em alguns casos, pode ser usada a técnica de injeção intracitoplasmática de espermatozoide (ICSI), onde uma única célula reprodutora escolhida pelo embriologista é injetada diretamente no óvulo.
Desenvolvimento embrionário
Os embriões resultantes da fertilização in vitro são observados e acompanhados em laboratório por alguns dias para verificar seu desenvolvimento. Eles ficam em incubadoras a 37ºC, a temperatura do corpo humano.
Transferência embrionária
Um ou mais embriões saudáveis são selecionados para a transferência para o útero. Esse procedimento é realizado com uma pequena cânula através do colo do útero e, geralmente, não requer anestesia. Essa etapa pode ser feita dentro do mesmo ciclo ou pode-se optar por congelar os embriões para utilizá-los no futuro.
Implantação
Se o desenvolvimento do embrião ocorrer de forma bem-sucedida, ele se implantará na parede do útero e continuará o desenvolvimento como em uma gestação natural. Após cerca de duas semanas da transferência, é realizado um teste de gravidez para verificar se a técnica foi bem-sucedida.