Primeiro caso de Deltacron, variante recombinante da covid-19, é visto no Brasil
Primeiro caso de Deltacron brasileira, variante recombinante entre Delta e Ômicron, foi identificado no Rio Grande do Sul, levando à descoberta também no RJ
Novo estudo identificou a primeiro ocorrência de covid-19 recombinante entre as variantes Delta e Ômicron — Deltacron — no Brasil, mais especificamente nas regiões sul e sudeste do país. Com viagens internacionais mais frequentes, a adaptação do vírus acaba passando por mais recombinações e tem maior fluxo genético, possibilitando evolução paralela por várias linhagens. Vale apontar que a pesquisa ainda não foi revisada por pares, então ainda pode sofrer modificações nos resultados.
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A evolução de recombinações do SARS-CoV-2 pode estar sendo subestimada, dizem os cientistas, já que é difícil identificar linhagens recombinantes. A recente análise observou 4 delas, vindo de amostras clínicas de 3 organizações brasileiras, incluindo a Fiocruz. Foi utilizada a transcrição reversa em tempo real de reação em cadeia de polimerase (RT-PCR) na identificação das infecções antes de enviar as amostras para sequenciamento do genoma nas instituições.
Encontrando a Deltacron brasileira
Já em maio de 2022, a equipe notou modificações na proteína espícula (spike) em algumas amostras, que apresentavam genes diferenciados. Foram usados, então, dados da Iniciativa Global de Compartilhamento de todos os Dados de Influenza (GISAID) e da Fiocruz para encontrar genomas adicionais da nova recombinante brasileira. O padrão de mutações também foi comparado com bancos de dados científicos, como o Nextclade Web.
As seções específicas que definem as variantes Delta e Ômicron foram sequenciadas manualmente, estudando especificamente sequências de Cruz Alta, Porto Alegre e Santa Maria, identificando mais uma recombinante extremamente parecida no Rio de Janeiro ao comparar os genomas com a base de dados GISAID.
Descobriu-se que as variações presentes eram AY.101 (Delta), BA.1 e BA.1.1 (Ômicron), sempre aparecendo nas mesmas seções do genoma do vírus. Seguindo o padrão Pango de nomenclatura, a variante recombinante foi chamada de AYBA-RS, que informa as linhagens paternas e o local de origem.
O evento de recombinação que deu origem à variante também foi analisado pelos cientistas, que, segundo cálculos, aconteceu 180 dias antes da coleta de dados da primeira amostra — ou seja, dezembro de 2021. Na época, as variantes AY.101 e BA.1.1 se sobrepunham em ocorrências por todo o país, mas com maior frequência no sul e sudeste do Brasil.
A descoberta representa a primeira linhagem Deltacron brasileira da covid-19. Não há, no estudo, indicações de que ela seja mais infecciosa ou mais resistente a vacinas do que suas linhagens paternas, mas os cientistas reforçam a necessidade de monitorar genomas de vírus e fazer estudos epidemiológicos, já que países com muitas variantes e visitas internacionais frequentes têm chances mais altas de criar novas variantes, potencialmente mais letais ou infecciosas.
Fonte: BioRxiv
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