Professor usa ChatGPT errado para acusar alunos de forjarem trabalhos
Alunos da universidade Texas A&M em Commerce, nos EUA, levaram o caso para a reitoria da instituição
Alunos do último ano da universidade Texas A&M em Commerce, nos Estados Unidos, tiveram seus diplomas temporariamente negados depois que um professor usou um software de inteligência artificial de forma inadequada para avaliar as provas finais dos estudantes.
O professor Jared Mumm, que dá aulas de agricultura, enviou um e-mail na última segunda-feira (15) a um grupo de alunos informando que ele havia enviado nas notas referentes aos últimos três trabalhos de redação do semestre.
Todos receberiam um “0” no curso, Mumm explicou, porque ele havia usado o “Chat GTP” (o chatbot da empresa OpenAI na verdade é chamado de ChatGPT) para testar se eles usaram o software para escrever os trabalhos. E o robô afirmou ter sido o autor de cada uma das redações.
“Eu copio e colo suas respostas no [ChatGPT] e [ele] vai me dizer se o programa gerou o conteúdo”, escreveu ele, dizendo que testou cada artigo duas vezes. Ele ofereceu à classe uma tarefa de recuperação para evitar a reprovação — o que poderia, em teoria, ameaçar seu status de graduação.
Entretanto, o ChatGPT não funciona dessa maneira. O bot não foi feito para detectar material criado por IA — ou mesmo analisar material produzido por ele mesmo — e é conhecido por emitir informações erradas às vezes.
Os alunos alegaram que forneceram a ele uma prova de que não haviam usado o ChatGPT, mas que inicialmente o professor ignorou isso, comentando no sistema de software de notas da escola: “Eu não dou notas para besteiras de IA".
Nem sabia o que era ChatGPT
O e-mail do professor foi compartilhado no Reddit por um usuário com o identificador DearKick, que se identificou como o noivo de uma das alunas que recebeu nota negativa por enviar trabalhos supostamente gerados por IA.
Em entrevista à Rolling Stone, ele disse que sua parceira nunca tinha ouvido falar do próprio ChatGPT e ficou perplexa com a acusação, observando que “ela se sente ainda pior considerando que é algo que ela não sabe nada”.
Ele disse ainda que a aluna imediatamente “entrou em contato com o reitor da universidade”, alega DearKick, mas que ela não recebeu assistência e foi defender seu caso pessoalmente com os administradores.
DearKick acrescenta que Mumm supostamente reprovou “várias” classes inteiras de maneira semelhante, em vez de questionar a validade de seus métodos para detectar fraudes.
DearKick disse à Rolling Stone que a reunião de sua noiva com o reitor de Ciências Agrícolas da universidade “deve esclarecer as coisas, espero”, e especula que Mumm tinha pouca familiaridade com chatbots antes de tentar checar os trabalhos dos alunos pela ferramenta.
Em um comunicado enviado à Rolling Stone na quarta-feira (17), a Texas A&M University-Commerce disse que estava investigando o incidente e desenvolvendo políticas relacionadas à IA na sala de aula. A universidade negou que alguém tivesse recebido uma nota negativa.
“A [universidade Texas] A&M em Commerce confirma que nenhum aluno reprovou na aula ou foi impedido de se formar por causa desse problema. Jared Mumm, o professor da turma, está trabalhando individualmente com os alunos em relação às suas últimas tarefas escritas. Alguns alunos receberam uma nota temporária de ‘X’ – que indica ‘incompleto’ – para permitir que o professor e os alunos determinassem se a IA foi usada para escrever suas tarefas e, em caso afirmativo, em que nível".
