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Programa de brasileiros mede peixes automaticamente usando inteligência artificial

Software que faz medições precisas de peixe pacu foi desenvolvido por cientistas da Unesp

19 dez 2022 - 11h19
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Software desenvolvido por brasileiros mede pacus automaticamente usando inteligência artificial
Software desenvolvido por brasileiros mede pacus automaticamente usando inteligência artificial
Foto: Eden, Janine and Jim / Wikimedia Commons

O uso da inteligência artificial pode agora ajudar pesquisadores com medições mais precisas e em tempo real sobre a reprodução de peixes, e o software foi feito por cientistas da Universidade Estadual Paulista (Unesp), no Brasil. Os resultados foram publicados na revista Aquaculture.

Se você olhar uma rede cheia de pacus (Piaractus mesopotamicus), não conseguirá distinguir a olho nu quais indivíduos terão descendentes com maior rendimento de filé ou ganho de peso mais rápido, por exemplo.

O crescimento desses peixes pode ser monitorado com uma fita métrica, uma balança e através da tabulação e comparação de dados. No entanto, para criar uma população inteira com as características certas, cerca de 2.000 animais por geração devem ser medidos e pesados, e a tarefa pode levar dias.

Agora, o grupo de pesquisadores desenvolveu um protótipo que pode melhorar questões genéticas da espécie para aumentar a produtividade e diminuir os custos de produção. Segundo Diogo Hashimoto, professor do Centro de Aquicultura da Unesp em Jaboticabal e um dos autores do artigo, quando se mede os peixes manualmente, se obtém menos dados porque os estressa e pode transmitir doenças que levam a surtos, sem falar no tempo valioso gasto. 

“Automatizamos o processo, treinando a máquina com fotos de pacus, e identificando cabeça, corpo, cintura pélvica e nadadeiras. Agora temos um aparelho portátil que pode ser levado a campo para fazer isso rapidamente e classificar os melhores animais”, disse em um comunciado. 

Melhoramento genético

Amostras com corpo redondo (topo) e corpo elíptico. À direita, peças selecionadas pelo programa via aprendizado de máquina
Amostras com corpo redondo (topo) e corpo elíptico. À direita, peças selecionadas pelo programa via aprendizado de máquina
Foto: Diogo Hashimoto/UNESP

Para que o modelo fosse possível, os cientistas utilizam a seleção de fenótipos (características) para melhoramento genético em todo o setor agropecuário brasileiro, que é líder mundial na produção de proteína animal a partir de frangos, bovinos de corte e suínos.

Esse tipo de tecnologia está disponível  na piscicultura, no entanto, o uso é feito apenas para salmão e tilápia — espécies exóticas e produzidas em massa no mundo todo, com a maioria das inovações vindas do exterior.

O software criado pelos pesquisadores também serve para o pacu, porém, se mostrou mais resistente do que a tecnologia de seleção de fenótipos disponível para outras espécies, como a tilápia.

“Nosso programa consegue reconhecer e medir as diferentes partes do pacu até mesmo na lateral do tanque, com poluição visual de fundo e condições de luz variáveis. Os sistemas desenvolvidos para a tilápia usam luz controlada e fundo padronizado”, disse Hashimoto.

Segundo os pesquisadores, a sistematização dos fenótipos do pacu em grandes bancos de dados permitirá selecionar animais com maior precisão. “Essas mutações do código genético podem ser utilizadas no mapeamento genômico das características consideradas desejáveis, acelerando a seleção e o melhoramento”, escreveram.

Fonte: Redação Byte
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