Projeto para escanear íris de brasileiros é alvo de investigação do governo
Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD) levantou questionamentos sobre adequação à Lei Geral de Proteção de Dados
O projeto World, cofundado por Sam Altman, CEO da OpenAI, está no centro de uma investigação da Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD) desde seu lançamento no Brasil. A iniciativa, que escaneia íris em troca de uma criptomoeda, levantou questionamentos sobre adequação à Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) no país, repetindo polêmicas que já enfrenta em outros países.
A ANPD abriu uma fiscalização para averiguar o funcionamento do projeto no Brasil e entender como os dados dos participantes serão armazenados e processados.
“A equipe de fiscalização se reuniu com representantes da World para esclarecer dúvidas e entregar o documento que formaliza o pedido de explicações adicionais”, informou a ANPD.
O projeto, inicialmente conhecido como Worldcoin e agora denominado apenas World, visa diferenciar humanos de robôs de inteligência artificial por meio da autenticação biométrica. A iniciativa já está em funcionamento em dez pontos da cidade de São Paulo, onde as íris dos interessados são escaneadas gratuitamente, sendo os locais divulgados no site do projeto.
Em nota enviada à imprensa, a World declarou estar comprometida com a transparência e em conformidade com as regulamentações dos mercados onde atua, e se colocou à disposição das autoridades brasileiras para fornecer as informações necessárias.
A iniciativa, porém, ainda não anunciou planos para expansão para outras regiões do Brasil. O uso da biometria é justificado pela World como uma solução para prevenir a criação de perfis falsos em redes sociais, entre outras aplicações.
Onde os dados coletados serão usados?
A foto da íris é feita por meio da Orb, um dispositivo de imagem biométrica que verifica de forma privada e personalidade de um indivíduo. Com a imagem é criado um código numérico que identifica cada usuário.
De acordo com a Worldcoin, esse código é apagado logo em seguida e os usuários não precisam compartilhar nome, número de telefone, e-mail nem endereço.
Como o código da íris será usado para confirmar a identidade das pessoas e diferenciá-las de robôs, segundo a empresa, a ferramenta pode ser útil para redes sociais que querem verificar se uma conta está sendo realmente usada por um ser humano.
Além disso, a Worldcoin diz que permitirá que governos usem sua infraestrutura em "processos democráticos globais".