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Qual a relação do ouro com seu smarpthone

Empresas como Apple, Microsoft, Amazon e Google foram acusadas de usar ouro ilegal. Mas por que elas precisam tanto dele?

27 jul 2022 - 10h40
(atualizado em 28/7/2022 às 19h08)
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Ouro tem ótima condutividade, mas extração vem da exploração em países como o Brasil
Ouro tem ótima condutividade, mas extração vem da exploração em países como o Brasil
Foto: Jingming Pan / Unsplash

Gigantes da tecnologia como Microsoft, Apple, Amazon e Alphabet (dona do Google) usaram ouro de garimpo ilegal na Amazônia para fabricar seus produtos, segundo reportagem do site Repórter Brasil publicada na segunda-feira (25). A denúncia mostra como o material é importante para a cadeia de produção de eletrônicos, mas sua escassez leva à exploração do ouro em países em desenvolvimento.

De acordo com a reportagem, a empresa privada italiana Chimet, que fornece o metal para as big techs, comprou milhões de dólares em ouro da empresa CHM, do Brasil. O produto veio por meio de garimpo ilegal em terras indígenas em 2020 e 2021. Já outra refinadora cliente das empresas, a brasileira Marsam, é acusada pelo Ministério Público Federal de provocar danos ambientais na extração do ouro.

Segundo o relatório do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram), a produção do ouro no Brasil obteve um faturamento de R$ 27 bilhões em 2021, contra R$ 23 bilhões em 2020. Os dados sobre exportação também mostram crescimento: 103,9 toneladas foram exportadas em 2021 contra 98,9 toneladas em 2020. Para se ter uma ideia, a extração de ouro no Brasil movimenta cerca de R$ 14 bilhões por ano.

Mas a exploração indevida do ouro não é novidade. Um estudo de 2020 realizado pela UFMG com o Ministério Público revelou que cerca de 30% do material produzido no Brasil em dois anos, vendido com o certificado da Agência Nacional de Mineração (ANM), continha evidências de ilegalidade.

Ao Repórter Brasil, Microsoft e Amazon disseram que não comentariam, mas não negaram terem comprado o ouro das empresas brasileiras. O Google reforçou que seus fornecedores devem seguir seu código de conduta e buscar minérios de empresas certificadas e livres de conflito. A Apple afirmou em nota ter removido a Marsam da lista de fornecedores, enquanto a Chimet permanece apta. 

Barra de ouro usada na cadeia de produção da Apple
Barra de ouro usada na cadeia de produção da Apple
Foto: Divulgação / Apple

Por que o ouro é importante na tecnologia? 

O ouro é um elemento maleável, que conduz calor, é resistente à corrosão e sensível apenas ao cloro e ao bromo. No mundo, a indústria de jóias é responsável por 70% do seu uso, enquanto 12% é destinado às empresas de eletrônicos por conta de sua boa condutividade elétrica e baixo poder de oxidação. 

Outros elementos como a prata, por exemplo, são mais rápidos em termos de condutividade elétrica. Porém, o ouro não corrói ao ar livre, enquanto a prata, com o tempo, adquire uma tonalidade mais escura. 

Segundo Bruno Manzolli, pesquisador do Centro de Inteligência Territorial, da Universidade Adolfo Ibañez, “outros metais como prata e cobre possuem até mesmo uma condutividade maior que a do ouro. Entretanto, por corroer menos que a prata e o cobre, o ouro é muito usado em aplicação para melhorar a conexão elétrica entre dois contatos”. 

Ele também argumenta que há pesquisas que buscam encontrar alternativas para o uso do ouro nos eletrônicos. A revista Nature publicou um estudo este ano que já avalia uma nova forma de produção de cobre mais resistente à corrosão.

Porém, para Manzolli, essa mudança não vai acontecer porque as empresas querem diminuir os riscos da exploração do ouro. O motivo seria pela pressão econômica associada ao aumento do preço desse metal, mesmo que ele não influencie tanto no custo de produção por ser usado em pequenas quantidades.

Conserto de iPhone; Apple teria comprado ouro de garimpo ilegal no Brasil
Conserto de iPhone; Apple teria comprado ouro de garimpo ilegal no Brasil
Foto: Divulgação / Apple

Quanto ouro temos em nossos dispositivos?

O Serviço Geológico dos Estados Unidos diz que existem cerca de 0,034 gramas de ouro em um celular. Normalmente o material é usado como conector elétrico, principalmente para as pontas de cabos carregadores, chips e microchips. Dentro dessas estruturas, são necessários fios de ligação entre a parte externa e interna, que podem ser feitos de ouro, cobre ou alumínio. A diferença é que o ouro permite que os fios sejam extremamente delicados.

Além disso, o metal dourado também é usado na montagem de placas de computadores, televisões de tela plana e até mesmo câmeras fotográficas. Mas a princípio, a compra do ouro é cara – o valor comercial do grama foi cotado em R$ 290 nesta semana. Por isso, grandes empresas costumam somá-lo a outros tipos de metais, como ferro, níquel e cobalto.

A rota do ouro 

Em reportagem da DW de 2020, um dos pesquisadores do estudo da UFMG com o MP afirma que o Brasil exporta mais ouro do que produz legalmente. Cerca de 72% do nosso material vai para o Canadá, Reino Unido e Suíça. Por isso, é provável que a maior parte do ouro ilegal esteja indo para esses países.

Para Manzolli, alguns metais têm sua origem em conflitos locais. São os 3TG (tântalo, estanho, tungstênio e o ouro). A extração deles pode estar atrelada à violação de direitos humanos, financiamento ao terrorismo e danos socioambientais. Mas, essa definição é da legislação americana e pode restringir o debate em torno de apenas essas substâncias, enquanto outras também estariam associadas a esses problemas.

O pesquisador diz que o percurso da rota do ouro varia; depende das regras de cada país. Mas no Brasil, ele pode ser explorado por mineradoras que extraem, refinam e exportam para instituições financeiras, joalherias ou empresas de tecnologia. 

Quando se trata do “ouro de garimpo”, as coisas mudam um pouco: ele passa por algumas etapas após sua primeira comercialização e pode ser destinado a uma refinadora do Brasil. Depois, ele é exportado por empresas especializadas nesse comércio. “E a rastreabilidade desse ouro é muito difícil de ser feita, principalmente após a exportação”, destaca Manzolli.

Fonte: Redação Byte
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