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Quanto tempo viveremos? Veja como funciona "relógio de envelhecimento"

Conheça o que são os “relógios de envelhecimento” e como eles podem medir sua idade biológica baseada em diversas pistas do corpo

15 ago 2022 - 16h16
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Cientistas têm desenvolvido por anos ferramentas chamadas “relógios do envelhecimento”
Cientistas têm desenvolvido por anos ferramentas chamadas “relógios do envelhecimento”
Foto: Rodolfo Barreto / Unsplash

Se alguém te pergunta: “quantos anos você tem?”, automaticamente você calcula a resposta a partir do dia em que você nasceu. Mas cientistas descobriram que além da nossa idade cronológica, é possível medir um outro tipo relacionado ao nível de saúde dos seus órgãos: a idade biológica.

Para revelá-la, cientistas têm desenvolvido por anos ferramentas chamadas “relógios do envelhecimento”, capazes de avaliar o estado dos órgãos do corpo humano e estimar quantos anos saudáveis ainda restam para aquela pessoa.

Porém, ao que tudo indica, fazer esse cálculo não é tão simples quanto parece. Por isso a precisão de cada ferramenta testada tem variado bastante. Conheça os relógios de envelhecimento que conhecemos hoje.

Relógios movidos a sangue e inflamações

O relógio biológico DNAm PhenoAge surgiu em 2018. Steve Horvath, Morgan Levine e outros cientistas o criaram com dados coletados de milhares de pessoas nos Estados Unidos, depois de anos de estudo.

De acordo com esse relógio, se a sua idade está maior do que a cronológica, você estaria envelhecendo mais rápido que a média. Por exemplo, um ano a mais da idade que você tem cronologicamente representaria um aumento de 9% de morte, bem como um aumento na possibilidade de ter câncer, diabetes ou doença cardíaca. 

Outro tipo de relógio, também desenvolvido por Horvath, foi o GrimAge. O cientista usou o relógio nas suas próprias amostras de sangue, obtendo o resultado de uma idade biológica compatível com a cronológica, há dois anos. Mas, há seis meses, o teste foi refeito e agora a idade biológica de Horvath está quatro anos maior que a cronológica. Isso não significa que ele “perdeu” quatro anos de vida, mas ele acredita que está envelhecendo mais rápido do que deveria. 

Existe ainda o iAge, da empresa Edifice Health, que fornece a idade com base na saúde imunológica e níveis inflamatórios do corpo, usando valores de referência para cada idade. Esse tipo de “relógio biológico” prevê doenças inflamatórias crônicas, longevidade e imunosenescência, isto é, deterioração ligada à idade e funções inadequadas do sistema imunológico. Os cientistas usaram dados do Stanford 1000 Immunomes Project, que coletou amostras de sangue por nove anos de 1.001 pessoas com idades entre 8 e 96 anos.

Como são feitos os relógios de envelhecimento

À medida que envelhecemos, padrões no nosso DNA conhecidos como grupos de metila — nome de uma substância que combina um átomo de carbono com três de hidrogênio — são modificados. Não se sabe exatamente o motivo. A maioria dos relógios de envelhecimento estima uma idade biológica a partir dessas mudanças de padrões.

Mas essa não é a única via de funcionamento: outras ferramentas agem como um velocímetro, acompanhando o ritmo de envelhecimento; ou ainda estimando como o corpo de alguém envelheceu no decorrer dos anos. Alguns relógios foram feitos para determinados órgãos ou para várias espécies de animais. 

Dos relógios cronológicos aos biológicos

O primeiro relógio de envelhecimento foi desenvolvido em 2011 também por Steve Horvath, na Universidade da Califórnia. Ele se ofereceu para participar de um estudo com seu irmão gêmeo, Markus, tentando entender se havia alguma indicação que explicasse a orientação sexual diferente dos dois irmãos.

Mesmo não tendo encontrado nada nesse sentido, Steve descobriu outro dado: que os padrões de metila podiam prever a idade das pessoas em anos, ou seja, cronologicamente, embora as estimativas alcançadas cheguem a divergir em cerca de cinco anos. 

Em 2013, Horvath desenvolveu o relógio Horvath homônimo, também denominado relógio “pantissue” e capaz de estimar a idade de qualquer órgão do corpo. Ele fez isso a partir de 8.000 amostras que representavam 51 tipos de tecidos corporais e tipos de células – dados que serviram para treinar o algoritmo e prever a idade cronológica de alguém a partir de uma amostra celular. 

Foi um feito admirável, mas que não impressionou a comunidade cientista; afinal, ele só servia para comprovar a idade cronológica de alguém. Por isso, em 2018, Horvath se juntou com Morgan Levine e outros colegas para criar um relógio baseado em nove biomarcadores, como níveis de glicose no sangue e glóbulos brancos, além da própria idade cronológica, para saber a idade biológica de cada corpo humano. 

Essa resposta seria mais interessante porque ajudaria a medir a saúde geral do corpo, quantos anos saudáveis a pessoa ainda tem, como os órgãos estão respondendo ao ambiente e dá informações para cuidados, como medicamentos anti-envelhecimento e mudanças de hábitos.

Ainda falta precisão, mas sabemos hábitos que envelhecem

Embora alguns usem a diminuição de anos na idade biológica para associar ao uso de suplementos, em muitos casos essas mudanças podem ser explicadas pelos relógios serem considerados propensos a erros.

Em cada área do corpo que grupos de metila se ligam ao DNA, pequenas mudanças podem ocorrer com o tempo e provocar erros nas estimativas. Para melhorar isso, os cientistas estão “quebrando” os relógios existentes e comparando uns com os outros a fim de construir melhores equipamentos.

Por ora, testes de pressão arterial e colesterol servem bem como indicadores de saúde no geral. Além disso, praticar exercícios, comer bem e evitar bebidas e fumo são as formas mais tradicionais de buscar uma vida equilibrada e longa. Uma pesquisa recente da Universidade de Oxford no Reino Unido descobriu que o consumo excessivo de álcool acelera o relógio biológico e provoca envelhecimento precoce.

Fonte: Redação Byte
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