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Quatro resoluções para uma vida tecnológica mais saudável em 2022

O ano que passou trouxe lições valiosas para melhorar nosso relacionamento com a tecnologia

1 jan 2022 - 05h10
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A pandemia de covid-19 tem sido repleta de desagradáveis surpresas tecnológicas.

Nos deparamos com o problema da escassez contínua de hardware, como consoles de videogame e placas de vídeo. A Apple anunciou neste ano uma grande mudança em sua conduta com dados, inclusive uma ferramenta que verifica se há pornografia infantil em iPhones, que os críticos classificaram como uma invasão de privacidade. E muitos de nós que tentamos comprar pela internet máscaras faciais de alta qualidade, para nos proteger do novo coronavírus, tivemos que fazer isso em meio a um oceano de falsificações.

No entanto, havia um lado positivo nisso tudo: lições valiosas para melhorar nosso relacionamento com a tecnologia nos próximos anos, como nos tornar compradores online mais espertos e assumir o controle de nossos dados pessoais.

Pense nisso como resoluções de ano novo para seu uso das tecnologias. Aqui estão as minhas principais recomendações.

Resolução nº1: Invista primeiro em infraestrutura

A pandemia, que levou muitos profissionais de escritório a trabalharem de casa, mostrou quantos de nós tínhamos conexões lentas. Isso destacou como tendemos a investir pouco em nossa infraestrutura de tecnologia, como os equipamentos de rede e serviços de banda larga que fornecem a conexão à internet para nossos dispositivos.

Quando as pessoas gastam com tecnologia, geralmente fazem isso comprando, antes de tudo, gadgets. Eletrônicos como dispositivos de streaming para TV estavam entre os itens mais vendidos na Black Friday, de acordo com um relatório de pesquisa publicado no mês passado pela Adobe.

Mas deveríamos gastar em infraestrutura antes de investir em dispositivos. Um quinto dos consumidores continua com os mesmos roteadores por mais de quatro anos, segundo uma pesquisa deste ano da organização sem fins lucrativos voltada para a defesa do consumidor, Consumer Reports. Isso quase ultrapassa o prazo estipulado por especialistas, que recomendam atualizar nossos roteadores de Wi-Fi a cada três ou cinco anos. Roteadores mais recentes apresentam novos padrões de Wi-Fi que melhoram as velocidades e técnicas para diminuir o congestionamento da rede, facilitando que vários dispositivos em uma casa - como laptops e consoles de videogame - tenham uma conexão robusta com a internet.

Se o seu roteador é razoavelmente novo e sua conexão continua com baixa qualidade, consulte seu provedor de internet. O plano de banda larga que você contratou há muitos anos talvez não seja mais bom o suficiente, então considere investir em um pacote mais rápido. Se sua família vê muitos vídeos online e joga bastante, contrate pelo menos 40 megabits por segundo (Mbps).

Resolução nº 2: Pesquise antes de clicar no botão "comprar"

Se você tentou comprar máscaras faciais de alta qualidade na internet durante a pandemia, provavelmente se deparou com um número razoável de falsificações. Falsificadores encheram o mercado com ofertas de máscaras sem qualidade, um problema que dura até hoje.

Embora produtos falsificados sejam um problema na internet há muito tempo, a pandemia tornou o problema uma potencial ameaça à vida com as máscaras. A Amazon e outros varejistas têm políticas para banir vendedores de máscaras falsas, mas novos comerciantes com máscaras falsificadas surgem constantemente. Isso tem se tornado uma prática tão útil quanto enxugar gelo.

A lição? Sempre cheque antes de clicar no botão "comprar". Leia as avaliações de clientes. Verifique o vendedor e se o produto for de uma marca desconhecida, pesquise sua reputação. Algumas ferramentas online como o Fakespot podem analisar a página de um produto para ver se há sinais de falsificações e avaliações falsas.

Seja ainda mais cuidadoso ao comprar qualquer coisa que possa afetar a saúde de alguém, sejam vitaminas ou comida para cachorro. Em caso de dúvida, compre esses produtos em uma loja física de confiança.

Resolução nº 3: Pratique a autonomia com seus dados digitais

A Apple, que há muito se apresenta como uma defensora da privacidade digital, foi responsável por uma das maiores surpresas tecnológicas do ano.

Em agosto, a empresa anunciou uma atualização de software com uma mudança. O software incluía uma ferramenta para verificar se o iPhone apresenta códigos associados com um banco de dados de pornografia infantil conhecida. Assim que um determinado número de correspondências fosse detectado, um funcionário da Apple poderia verificar as imagens antes de informar o Centro Nacional para Crianças Desaparecidas e Exploradas dos Estados Unidos.

A boa intenção da Apple de prevenir a propagação de imagens de abuso infantil foi rapidamente ofuscada pelo efeito invasivo de seu sistema de sinalização de conteúdo, que ia contra a imagem a favor da privacidade da empresa. Em resposta à repercussão, a Apple adiou o lançamento do recurso de software e esclareceu que a tecnologia poderia ser desabilitada se as pessoas optassem por não fazer backup de suas imagens no iCloud.

O caso foi um lembrete de que, quando usamos serviços na nuvem, nossos dados ficam nas mãos de uma empresa de tecnologia. A lição? Devemos pensar em mudar a forma como gerenciamos nossos dados para que sejamos mais independentes das grandes empresas e de seus serviços na nuvem.

Adotar uma estratégia híbrida com nossos dados é o melhor caminho a seguir, aconselham os especialistas em segurança. Isso significa fazer backup de nossos dados na nuvem, mas, também, armazená-los em dispositivos como HDs externos e pen drives. Ter esse backup conosco garante que tenhamos acesso a arquivos importantes, mesmo se houver uma interrupção do serviço de Internet. E se você não estiver mais satisfeito com um serviço na nuvem ou estiver cansado de pagar pela assinatura deles, terá uma solução fácil, porque já tem uma cópia de suas informações.

Apenas 17% das pessoas adotam a estratégia híbrida, de acordo com a Acronis, empresa de proteção de dados. Não deixe para depois: quanto mais você demorar para criar backups físicos, mais difícil será para retirar as informações da nuvem se você decidir cancelar o serviço.

Resolução nº 4: Ignore os eventos de liquidações online

Em novembro, muitas pessoas que tentaram aproveitar ofertas na Black Friday e na Cyber Monday notaram em pouco tempo que havia algo errado.

Muitos itens que elas costumavam comprar com desconto, como novos roteadores de Wi-Fi e laptops baratos, ou não estavam à venda, ou já estavam esgotados. Isso foi em grande parte resultado de uma escassez global de chips e dos transtornos nas cadeias de suprimentos, que prejudicaram a fabricação e o envio de itens no mundo todo.

Esperar até a Black Friday para gastar poucas vezes foi uma escolha inteligente, mas a escassez causada pela pandemia deixou isso mais claro do que nunca. Durante o ano todo, muitas vezes surgem ofertas tão boas - e às vezes melhores - que as promoções da Black Friday.

O difícil é saber quando o produto que nos interessa está mais barato. Há muitas maneiras de procurar descontos, como seguir sites que avisam sobre liquidações.

Ferramentas automáticas como o Camel Camel Camel, um site que deixa você a par dos itens com descontos na Amazon e envia alertas por e-mail quando há redução de preços, podem ajudar a monitorar a oferta de itens específicos. No futuro, você pode se antecipar à época de compras frenéticas de fim de ano e, talvez, ignorar a Black Friday.

Estadão
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