Quatro sítios arqueológicos são descobertos após seca no Pará
Descoberta revela evidências de comunidade existente há 3.500 anos
Pesquisadores identificaram novos sítios arqueológicos no município de Anajás (PA), no arquipélago do Marajó após a recente seca no estado. Dois dos registros de sítio arqueológico ocorreram na comunidade da Pedra e outros dois na comunidade Laranjal.
Os estudos indicam que a área já era habitada há cerca de 3.500 anos por grupos que tinham como principais atividades a caça, a pesca, a coleta e o cultivo da mandioca.
Pesquisas arqueológicas mostram ainda que essas sociedades foram responsáveis pela produção em cerâmica de uso principalmente doméstico, além do manejo ecológico dos recursos naturais expresso nos tesos, por exemplo.
A ação foi realizada por pesquisadores e técnicos do Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG) e do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) após o pedido da comunidade local, que acionou o Ministério Público do Estado do Pará e demais órgãos para que fosse analisado o estado de conservação dos artefatos de cerâmica indígena que ficaram expostos após a seca na região do Alto Rio Anajás.
A equipe do Museu Goeldi é liderada pela pesquisadora Helena Pinto Lima, que já participa de pesquisas científicas na região há décadas.
A missão emergencial em Anajás é classificada como um “reencontro com emoções” pelos pesquisadores, ao mesmo tempo em que instiga e indica novos desafios para a pesquisa relacionada aos povos marajoaras.
“Os novos achados são importantes para a arqueologia amazônica. Encontramos nesta breve visita um padrão de ocorrência de tesos (aterros construídos pelos povos do Marajó) que aparentemente se replica ao longo do Anajás e outras regiões a leste do Marajó", disse a Helena Pinto Lima em comunicado.
"Talvez aqui estejamos no que foi o início de organização regional de uma sociedade com altíssimo conhecimento do ambiente, que criou e replicou sistemas de assentamentos altamente interconectados. Trata-se de um verdadeiro urbanismo amazônico muito antigo”, incluiu a pesquisadora.
O patrimônio tem sido pesquisado desde o século XIX, sobretudo na região chamada “Marajó dos Campos”, onde predominam as planícies alagadas.